Pertencente ao quadro da FIFA, o árbitro mineiro Igor Benevenuto declarou ser gay em uma entrevista ao podcast “Nos Armários dos Vestiários”. Aos 41 anos, o brasileiro se tornou o primeiro juiz da entidade máxima do futebol a manifestar publicamente sua homossexualidade.
“O futebol é um esporte que eu cresci odiando profundamente. Não suportava o ambiente, o machismo e o preconceito disfarçado de piada. Para sobreviver na rodinha de moleques que viviam no terrão jogando bola, montei um personagem, uma versão engessada de mim. Futebol era coisa de ‘homem’, e desde cedo eu já sabia que era gay. Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade. Mas jogar não era uma opção duradoura, então fui para o único caminho possível: me tornei árbitro”, contou Benevenuto.
O mineiro disse que sua orientação sexual não era desconhecida no meio da arbitragem, onde é bastante respeitado. No entanto, ele revelou que já sofreu ofensas homofóbicas durante jogos de pessoas que ouviram o boato de que ele seria gay.
“O cara lá fica p… com o resultado de um jogo e desabafa com ofensas contra minha orientação sexual. ‘Sua bichinha, seu veadinho. Eu sei por que você não marcou aquele pênalti. Você deve estar dando o rabo para alguém ali’. Jogadores e técnicos jamais me ofenderam. Isso partiu todas as vezes de dirigente e torcida. E toda vez que isso acontece eu relato na súmula. Uma luta, mas não desisto”, acrescentou o mineiro.
Ainda na entrevista, Benevenuto disse que a partir de agora espera não ter mais que “interpretar um personagem” e cobrou respeito.
“Devo tudo o que tenho à arbitragem, mas paguei um preço muito alto por isso. Deixei de lado paixões reais da minha vida para seguir esse universo macho alfa, para viver disfarçado. Se eu pudesse, teria sido médico, mas não me via com muitas escolhas. Viver abertamente como um homem gay era impensável. O futebol é meu sustento, e até o dia de hoje foi o meu esconderijo hétero. Eu quero me libertar dessa prisão. Quero poder ter relacionamentos, quero apitar em paz, quero que as ofensas sejam punidas”, pediu.
Benevenuto contou também que existem muitos gays no futebol.
“Tem árbitro, jogador, técnico, casados, com filhos, separados, com vida dupla… Tem de tudo”, disse.
Crédito imagem: Marcos Ribolli/GE
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