Quem ainda não ouviu (ou leu) sobre o Brexit deve estar em uma ilha deserta: sem acesso a qualquer tipo de comunicação ou informação! Todos os dias ouvimos ou lemos sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (daí o termo Brexit: Britain exiting). Tamanha a incerteza sobre o que acontecerá com as questões políticas e sócio econômicas no Reino Unido, Brexit é “prato cheio” para a mídia mundial.
O Reino Unido, país de cerca de 66 milhões de habitantes, é composto pela ilha da Grã-Bretanha (onde estão situados Inglaterra, País de Gales e Escócia) e a Irlanda do Norte (única parte do país que divide fronteira terrestre com um outro país, a República da Irlanda).
No esporte, o Reino Unido atrai muitos talentos estrangeiros para suas mais variadas ligas de rugby e futebol devido aos altos salários e prestígio, bem como por causa dos avanços tecnológicos voltados para o esporte, cujos resultados impressionantes puderam ser comprovados nas últimas três Olimpíadas, com o chamado Team GB – como exemplo, a equipe de ciclismo ganhou praticamente todas as medalhas possíveis.
Assim, é natural a preocupação de clubes, atletas e demais profissionais do esporte acerca do impacto do Brexit. Quanto à Premier League, estamos aguardando ansiosos para entender qual será a postura adotada pela liga quando o Brexit acontecer, em março de 2019. Isso porque a Football Association já fez representações ao governo britânico para reduzir para 13 o número de jogadores estrangeiros (non-home grown) registrados por clube atuando na liga uma vez que o Brexit aconteça. A liga, por sua vez, quer manter o número atual.
De acordo com o sistema atual, cada clube da Premier League pode registrar até 17 jogadores non-home grown no seu plantel total de 25 jogadores. Enquanto jogadores nacionais do Espaço Econômico Europeu podem livremente viver e jogar no Reino Unido, os jogadores de qualquer outra parte do mundo têm que se submeter às regras imigratórias britânicas (num sistema de pontos que leva em consideração o valor da transferência, o salário, o número de atuações pela seleção do país de origem do jogador e a posição daquele país no ranking da FIFA) para obter o visto para jogarem na liga. Caso nenhum acordo específico tratando desse tema seja firmado entre a Football Association, a Premier League e o governo britânico, o sistema de pontos imigratório passará a ser aplicável automaticamente também aos atletas nacionais do Espaço Econômico Europeu com o Brexit. Se isso acontecer, a Football Association estima que 65% dos jogadores europeus atualmente na Premier League não conseguirão obter tal visto.
O oposto também é preocupante. Tendo em vista que cerca de 20 jogadores britânicos atuam nas ligas de países europeus, a reciprocidade por parte dessas ligas parece quase certa. Isso em um momento ruim, posto haver uma tendência de jovens jogadores britânicos “amadurecerem” em outros países (vejam os exemplos de Eric Dier, atual jogador da seleção inglesa, que jogou em Portugal; Jadon Sancho, que com 17 anos foi para o Borussia Dortmund e, devido à suas atuações, recebeu convocações recentes; e Jonathan Panzo, vencedor da copa do mundo sub-17 em 2017, transferido do Chelsea para o Mônaco na mais recente janela de transferências). Caso não haja acordo, essa tendência pode diminuir ou até mesmo acabar.
Para os jogadores brasileiros com intenção de jogar na Premier League, as regras continuarão as mesmas, ou seja, deve-se observar o sistema de pontos, que em geral são:
• Oferta de um clube e endosso da Football Association;
• Conhecimento comprovado da língua inglesa (certificado básico de escola aprovada pelo governo britânico);
• Ter £ 945 (novecentas e quarenta e cinco libras esterlinas) em conta bancária por um período mínimo de 90 dias antes do pedido de visto; e
• Demonstrar histórico de viagens internacionais pelos últimos cinco anos.
Porém, vale sempre lembrar a importância de obter aconselhamento jurídico de profissional especializado em imigração britânica antes de iniciar o pedido de visto.