O futebol é irreverente, divertido, reúne várias questões culturais tanto no Brasil quanto no mundo. É muito corriqueiro ver os jogadores com cortes e cores de cabelos diferentes, várias tatuagens, barbas, bigodes, mas nada comum ver árbitros com um cabelo colorido, sem estar barbeado, tatuagens grandes e visíveis.
Os jogadores chegam ao estádio de bermuda, agasalho, tênis, fone de ouvido, já a arbitragem precisa se apresentar com terno e gravata para um jogo de futebol.
Durante o curso de arbitragem os alunos já recebem algumas orientações para jogos e até mesmo reuniões aprimoramentos, por exemplo, cabelo cortado, barba feita, tatuagem não aparente, terno para os jogos. Por isso raramente se vê alguém membro da arbitragem com um corte ou cor diferentes de cabelos, com tatuagens e barbas em campo.
Claro que muitos árbitros têm tatuagem, mas normalmente escondidas pela camisa e meiões. Confesso que fiz em 2015 uma pequena no pulso, a qual uma parte era escondida pelo relógio, mas com certo medo de retaliação, e sei que outros árbitros gostariam de fazer, porém o receio fala mais alto.
E então entra a grande questão:
Por que o árbitro não pode ter tatuagens, barba, pintar o cabelo de loiro? No que isso influencia em seu desempenho dentro dos gramados?
Vemos excelentes jogadores que a cada jogo muda o cabelo e faz tatuagem nova, isso não altera a atuação nos gramados.
Além das cobranças que os árbitros sofrem em cima das suas tomadas de decisões, se acertou ou errou, se está bem fisicamente (essa é outra questão, pois o árbitro pode estar “voando”, mas se tiver com uma barriguinha, “fora dos padrões estéticos” também pode ser afastado), existem as exigências sobre sua cor e corte de cabelo, sua barba, suas tatuagens, para não dizer seu corpo e sua vida, ainda tem quem fique de olhos nas redes sociais, para ver o que postam, como, onde e tudo isso pode ser motivo para uma punição, um afastamento.
Sem dúvida que o profissional, seja ele um árbitro ou tenha qualquer outra função ou cargo, precisa se preocupar com a sua imagem. E o árbitro carrega uma carga ainda maior, pois é visto por muitos como o incorreto, mal intencionado, mesmo tendo uma conduta irrepreensível.
Mas uma tatuagem, um cabelo tingido, uma barba para fazer, um agasalho para chegar no jogo, não interfere nas suas qualidades e competências para atuar numa partida.
É melhor um árbitro com o cabelo pintado de rosa, se for o caso, que acerte tudo, legitimando assim o resultado, do que o aquele com o estereótipo pedido, mas que influencia na partida de forma negativa.
O mundo está evoluindo, temos até a tecnologia no futebol agora com o VAR, porém ainda falta uma maior progressão – e por que não agora?