Trinta e três militares da reserva estão em uma semana de treinamento intensivos no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Um programa recém-criado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro busca promover a atividade física para ex-militares e, quem sabe, descobrir novos talentos para representar o país nas competições internacionais.
Os participantes do projeto são oficiais reformados que, em sua maioria, passaram a ter a deficiência por conta de acidentes em serviço. Os participantes do Camping Militar Paralímpico foram indicados pelas forças às quais pertencem. Há seis forças representadas: Marinha, Aeronáutica, Exército, Polícia Militar de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
É o caso, por exemplo, da tenente Tércia Figueiredo, do Exército brasileiro, que passou a ter deficiência por conta de um acidente enquanto prestava serviço, como a maioria dos participantes do projeto.
Ela era instrutora de orientação, esporte que ensina os militares a se guiarem. Em uma atividade em Divinópolis, interior de Minas Gerais, caiu de um barranco, feriu o pé e o joelho da perna esquerda. Fez tratamento, mas só em 2012, mais de um ano depois do acidente, descobriu que havia machucado o nervo, o que comprometeu os movimentos da perna, tornando-a dependente de uma muleta.
Anos mais tarde, a cearense sofreu uma queda em casa e feriu o braço direito; como não foi ao médico, o osso calcificou-se inadequadamente, e ela não pôde mais usar muleta, adotando a cadeira de rodas. Até o momento, no Camping Militar Paralímpico, sua modalidade favorita é o halterofilismo.
“Era um sonho experimentar essa valorização do militar reformado e saber que somos capazes de algo, porque nós somos excluídos do quartel e da sociedade quando nos tornamos deficientes. Esse projeto criou sementinhas. Eu indico para todos os militares com deficiência, para mudarmos essa mentalidade e a nossa qualidade de vida”, comentou a cearense de Fortaleza para a jornalista Bárbara Barros, no Centro de Treinamento Paralímpico.
Após o camping, serão indicadas aos participantes entidades em que possam praticar as modalidades com as quais mais se identificaram. Em 2019, estão previstas mais três edições do projeto.