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Cancelamento dos Jogos de Tóquio-20 passa por acordo com patrocinadores

O crescimento do covid-19 acendeu o alerta no Comitê Olímpico Internacional. Apesar do COI negar a possibilidade de cancelamento da Olimpíada e da Paralimpíada de Tóquio, o fato de o coronavírus já ter infectado 83 mil pessoas e causando 2800 mil mortes pressiona a entidade e ameaça a realização das competições. Mas o cancelamento dos Jogos deste ano passa diretamente pelos contratos firmados entre o COI os patrocinadores.

“A Carta Olímpica é omissa em relação a isso. Mas a Regra 36 prevê a figura do contrato com a cidade sede e neste instrumento constam as questões conexas com a realização dos Jogos. Sem conhecer os termos dos contratos penso que uma situação de epidemia/pandemia pode caber no conceito dos casos fortuitos/de força maior, independentes da vontade humana, ou mesmo numa causa superveniente de não cumprimento dos contratos. Está em causa a proteção da saúde pública de atletas, espectadores e demais pessoas envolvidas no evento”, afirma o advogado Alexandre Mestre, ex-secretário de Estado do Desporto e Juventude de Portugal, e também especialista nas regras da Carta Olímpica.

No documento, o COI se isenta de maiores responsabilidades, que possa trazer prejuízo para a entidade. Diz a Regra 36 “o Contrato Olímpico da cidade-sede determinará as responsabilidades do Comitê Olímpico Nacional, do Comitê Organizados dos Jogos Olímpicos e da cidade-sede referente à organização, financiamento e realização dos Jogos Olímpicos, bem como a contribuição do COI para o sucesso dos Jogos Olímpicos. O COI não terá responsabilidade financeira em relação à organização, financiamento e organização dos Jogos Olímpicos, exceto a contribuição determinada no Contrato Olímpico, salvo acordo em contrário por escrito”.

A rápida proliferação do coronavírus traz ainda mais incerteza sobre como fazer para controlar a doença. Eventos esportivos já estão sofrendo por conta do vírus. O Campeonato Italiano terá partidas disputadas com portões fechados.

“Temos plena confiança de que nossos parceiros, juntamente com as autoridades relevantes, tomarão as medidas necessárias. “Continuamos trabalhando em estreita colaboração com o COI. Se o evento não acontecer, não terá um impacto adverso em nossas finanças”, afirmou Jean-Briac Perrette, presidente da Discovery International, um dos maiores detentores de direitos das Olimpíadas, deixando em aberto a possibilidade de cancelamento dos Jogos.

O impacto do covid-19 nos esportes na Ásia já está sendo notado, com uma onda de adiamentos se espalhando da China, onde começou o surto, para a Coréia do Sul e o Japão.

As três maiores ligas de futebol da Ásia entraram em recesso, enquanto os governos da China, Coréia do Sul e Japão tentam conter as conseqüências do vírus que se espalha rapidamente.

A liga profissional de beisebol do Japão diz que disputará os 72 jogos restantes da pré-temporada em estádios vazios por causa da ameaça de disseminação do coronavírus. A temporada regular será aberta em 20 de março.

Caso não seja possível conter a escalada infecciosa do covid-19, é pouco provável que haja uma mudança de cidade-sede. “Eu acredito que caso até maio se constate haver motivos para não se realizar em Tóquio, os mesmos motivos valerão para qualquer outro lugar no Mundo”, finalizou Alexandre Mestre.

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