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‘Caso Ferreirinha’ reforça importância de clubes tratarem com atletas a relação com as apostas esportivas

Recentemente, o atacante Ferreirinha, do Grêmio, se envolveu em uma grande polêmica ao publicar em seu Instagram um “comprovante” de uma aposta esportiva. O caso reacendeu o debate sobre o envolvimento de jogadores profissionais com casas de apostas, algo que é frontalmente proibido pela FIFA – entidade que rege o futebol a nível mundial.

Após a polêmica envolvendo seu atleta, o Grêmio enviou um documento interno formalizando e reforçando aos seus jogadores, inclusive os das categorias de base, que eles não podem participar de apostas esportivas, bem como fazer publicações em redes sociais sobre esse segmento. O clube ressaltou que em caso de descumprimento, multas poderão ser aplicadas, uma vez que será considerada infração trabalhista.

Rafael Marcondes, advogado e diretor de relações governamentais da ABRADIE (Associação Brasileira de Defesa da Integridade do Esporte), diz que a indústria do esporte cada vez se expande mais, não se limitando apenas ao que acontece dentro das quatro linhas. No entanto, ele cita que no Brasil, muitos profissionais que atuam no segmento esportivo não se dão conta desse feito.

“Com chegada das apostas os esportes e, em especial, o futebol viu uma explosão de oportunidades, novos negócios surgem a todo instante. O que não se pode perder de vista é que esse ecossistema só se mantém ativo se o esporte permanecer íntegro. Sem o esporte, tudo que gira ao seu entorno, cai por terra. Medidas que evitem a manipulação de resultados e preservem a integridade do esporte são urgentes. Parte da regulamentação do setor de apostas esportivas deve sair em breve. Mas entidades de organização do esporte e clubes precisam começar agir”, afirma.

Marcondes entende que cartilhas como a recém lançada pelo Grêmio com orientações do que se pode ou não fazer é crucial.

“Os atletas, técnicos, juízes e demais envolvidos na construção do espetáculo esportivo devem estar atentos para o fato de ações impensadas, como a de Ferreirinha, podem trazer prejuízos muito sérios e até mesmo comprometer a carreira de um profissional. Preservar o ambiente esportivo passa por fornecer informação. Por investir em educação. Que esse infeliz caso vivenciado pelo Grêmio e pelo seu atleta sirva de exemplo para outros profissionais, clubes e entidades do esporte, para que se antecipem a qualquer incidente e desde já adotem medidas educativas preventivas”, acrescenta.

Um dos clubes brasileiros que realiza um forte trabalho nas categorias de base é o Ibrachina. Fundada em 2020 a partir de um projeto social, a instituição tem ambição de ser um dos maiores reveladores de jogadores do Brasil.

Para atingir esse objetivo, o Ibrachina realiza um trabalho diário com os futuros profissionais de futebol sobre questões extra campo que podem ser prejudiciais para suas carreiras, como são apostas esportivas.

“O trabalho feito no Ibrachina é diário. Acompanhamos de perto os atletas de todas as categorias para que os fatores extra campo não atrapalhem os princípios que o clube passa para os atletas, tais como responsabilidade, disciplina, respeito, dignidade e honestidade. Respeitando todo o processo de formação do atleta, o Ibrachina faz questão de se atualizar sobre as questões maléficas que podem prejudicar o esporte e o atleta”, conta Henrique Low, presidente do Ibrachina.

“Pensando nisso, fizemos uma palestra sobre a manipulação de resultado no esporte, algo praticado há muito tempo já, porém, hoje tomando uma proporção muito maior do que antigamente. O palestrante Mauro Costa, que faz parte do Sindicato dos Atletas de Futebol de São Paulo, conversou com nossos atletas sobre os efeitos negativos que os manipuladores trazem para o esporte e para o atleta. Mauro Costa foi um dos pouco brasileiros que fizeram um curso junto com a Interpol que o habilita para que tenha contato direto e a confiança dos atletas para ensinar aos jogadores a reconhecer, resistir e denunciar os manipuladores”, acrescenta Low.

A Justiça Desportiva é clara quanto a punições para os atletas que se envolverem com apostas esportivas.

O que diz a FIFA?

A FIFA prevê multa de pelo menos 100 mil francos suíços (R$ 550 mil) e banimento do futebol por até três anos para jogadores, árbitros e dirigentes que fizerem apostas em jogos de futebol.

O que diz o RGC da CBF?

Art. 65 – Com o objetivo de evitar a manipulação de resultado de partidas, ou a ocorrência de um fato ou eventos específicos no seu decurso, considerar-se-á conduta ilícita praticada por atletas, técnicos, membros de comissão técnica, dirigentes e membros da equipe de arbitragem e todos aqueles que, direta ou indiretamente, possam exercer influência no resultado das partidas, os seguintes comportamentos:

I – apostar em si mesmo, ou permitir que alguém do seu convívio o faça, em seu oponente ou em partida de futebol;

Crédito imagem: Divulgação

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