Internacional, Grêmio e Juventude pediram à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) a suspensão de seus jogos pelos próximos 20 dias em razão das enchentes que assolam todo o estado do Rio Grande do Sul desde a semana passada.
As partidas do final de semana envolvendo clubes gaúchos em competições nacionais (Séries A, B, C e D) já haviam sido adiadas pela CBF. Por sua vez, a Conmebol adiou os jogos de Grêmio e Inter pela Libertadores e Sul-Americana, respectivamente.
Em meio à piora da situação no Rio Grande do Sul, a paralisação do Campeonato Brasileiro ganhou força e passou a ser uma ideia palpável para muitas pessoas.
Contudo, o Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF, documento que determina as regras de todos os torneios realizados no Brasil, não prevê a suspensão da competição por motivos dessa natureza. Porém, especialistas afirmam que isso não seria um impeditivo para a medida ser adotada.
“Analisando os regulamentos da CBF, principalmente o RGC da entidade, podemos verificar que não temos hipóteses de suspensão de campeonato. Entretanto, isto não impede a entidade de agir, ou até mesmo convocar um conselho técnico em prol da paralisação do campeonato”, explica o advogado Matheus Laupman, especialista em direito desportivo.
Carlos Henrique Ramos, especialista em direito desportivo, ressalta que a CBF, na qualidade de organizadora do campeonato, tem a prerrogativa genérica de, por meio de sua Diretoria de Competições, promover o adiamento de partidas ou, até mesmo, determinar a suspensão do campeonato por conta de motivo de força maior.
“O RGC da CBF, em seus artigos 14 e 19, tratam, respectivamente, de mudança de tabela e do adiamento de partidas pelo delegado do jogo por motivo mais contemporâneo à disputa, os quais não se enquadram exatamente no caso. Em minha opinião, a CBF deveria aproveitar o período da Copa América para ‘colocar em dia’ os eventuais jogos adiados e paralisar os demais, alongando o campeonato até o final do ano ou janeiro seguinte, readequando a tabela do próximo ano, como foi feito na época da pandemia, por exemplo. Com a Libertadores e a Sul-Americana, a missão da Conmebol é mais complexa, pois é preciso haver a definição dos classificados na fase de grupos com mais urgência. Simples adiamentos não resolverão o problema”, afirma.
Estádios e CTs alagados
O avanço da cheia do Guaíba sobre Porto Alegre atingiu também os estádios e centros de treinamento de Grêmio e Inter. Imagens aéreas feitas nesta segunda-feira mostram a água tomando conta completamente dos gramados da Arena do Grêmio e do Beira-Rio.
O CT Parque Gigante, do Inter, foi atingido pela cheia do Lago Guaíba. Além do Colorado, o Grêmio também viu suas dependências serem atingidas pela enchente.
Aeroporto fechado
A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) comunicou nesta segunda-feira que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está por tempo indeterminado, com todas as operações suspensas. O aeroporto teve suas dependências internas e externas alagadas.
A Fraport, administradora do aeroporto, divulgou uma nota em que coloca o dia 30 de maio como data final da suspensão das operações.
Balanço das enchentes
De acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número de mortos subiu para 83 pessoas nesta segunda-feira. Há 111 pessoas desaparecidas e 291 feridas, com 345 cidades afetadas. Em Porto Alegre, o nível do Guaíba chegou a 5,26 metros, 2,30 metros acima da cota de inundação.
SOS Rio Grande do Sul
O governo reativou o canal de doações via Pix para auxiliar as vítimas das enchentes. Há o compromisso de destinar o total dos recursos à ajuda humanitária.
Conta da doação: Associação dos Bancos do RS; Chave Pix é o CNPJ: 92.958.800/0001-38 (CNPJ vinculado à conta no Banrisul).
Crédito imagem: Max Peixoto/Estadão Conteúdo
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