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Coisas que você e eu não sabíamos

Se fossem listar as grandes invenções e descobertas da humanidade, provavelmente encabeçariam essa fila a roda, o fogo, o arado, o motor a vapor, as leis da física. Elas foram importantes, é verdade, mas tem gente que vai falar de uma só: o futebol.

Pra cada um desses inventos, uma série de procedimentos envolvendo o funcionamento das máquinas explica as suas engrenagens, utilidades e porquês. De onde vêm. Pra onde vão. Em algumas dessas invenções, as regras são resultantes de cálculos matemáticos e experimentos. Mas noutras, como no futebol, porque é assim que é.

Pra começar do início, dizem que a Inglaterra ostenta a posição de ser a primeira a documentar a palavra futebol e, daí em diante, dar formato às regras que nós conhecemos. O tamanho da baliza, por exemplo, já viria de lá mesmo. Os metros entre uma trave e outra que fazem arqueiros desafiarem as leis da gravidade pra cobrir todo aquele vão vazio vieram da distância entre as vigas que abrigavam os portões de Cambridge, onde, dizem (e há controvérsias), o maior invento do mundo foi inventado.

Além dessa, outras pequenas verdades curiosas, até então desconhecidas, quando reveladas parecem nos trazer ainda mais pra perto de um esporte que, pensávamos, não poderia ser mais íntimo.

Atento, por exemplo, é quem nota que o uso do nome “tento” na conversa de bar substitui “gol” no linguajar dos verdadeiros entendedores. Claro. Gol é cotidiano demais pra ser usado por quem sabe do jogo. A substituição se justifica, e tem origem. Dizem que os tentos era como chamavam os talhos que se faziam na madeira das traves pra marcar cada vez que um balaço chacoalhava as redes.

Apesar de não estar exatamente nas tradicionais regras do futebol, o capitão é quem lidera o resto do time. Em vários países, para distingui-lo dentro de campo se usava uma faixa branca no braço esquerdo, ou um boné, chamado de “cap”. Daí, captain. Capitão.

Conta-se que, antigamente, toda vez que a bola saía do campo um jogador tinha que ir buscá-la. Por isso, na Libertadores, em que o regulamento mandava que cada partida fosse disputada com a mesma bola do começo ao fim, quem queria fazer cera mandava ela pra longe, pra ganhar tempo. Daí vieram os gandulas (e talvez por isso a cera tenha passado das laterais pras macas, com a simulação de contusão em campo).

Tem coisa que veio de época mais recente. Na década de 30, por exemplo, um observador atento notou que, quando o time atacava ou era atacado, as mulheres que frequentavam o estádio (usando roupa de domingo após a missa) sofriam com a ansiedade e o nervosismo. Apertadas em corpetes e com as mãos encharcadas de empunhar sombrinhas que as protegiam do sol, tiravam as próprias luvas ou lenços e, num misto de calor e aflição, torciam aqueles minúsculos pedaços de pano. Coelho Neto, na sua coluna na Gazeta de Notícia, as chamou de torcedoras, e deu origem a todos nós.

Pessoalmente, preciso confessar. Entre tantas contações de histórias, verdade seja dita. De todas as engenhocas que a engenhoca da bola traz a tiracolo, talvez meus favoritos (os goleiros que me perdoem) sejam eles: os pés. “Humildes pés que nos atrelam ao chão e à terra.”

O sujeito que lhes deu prioridade subverteu a ordem das coisas. Contrariou quem acreditava que eram rasteiros e desprovidos da fineza de que só as nobres mãos seriam capazes de desenhar. Obrigada, inventores da bola, pela democracia em forma de movimento.

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Referências
“Humildes pé que nos atrelam ao chão e à terra”. A frase é de Roberto da Matta.
Sobre a história da torcida: http://nilodiasreporter.blogspot.com/2008/07/como-surgiu-o-termo-torcida.html

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