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Com acerto Bahia e Grupo City, SAF já se mostra caminho seguro no Brasil?

O dia 3 de dezembro ficará marcado para sempre na história do Esporte Clube Bahia. Neste sábado, mais de 13 mil associados – 98,6% dos votos válidos – aprovaram a venda de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube ao City Football Group (CFG). A proposta aceita prevê um investimento de R$ 1 bilhão ao longo dos próximos 15 anos.

Para o advogado Rafael Marcondes, a parceria do Bahia com o Grupo City será um paradigma muito interessante a ser observado.

“Acredito que, de todas as SAFs até agora existentes, é o clube-empresa que se mostra mais promissora. Cruzeiro, Botafogo e Vasco contam com investidores fortes, mas sem tanta expertise na gestão do futebol, quanto o Bahia, na medida em que o Grupo City foi um dos precursores do modelo de negócio focado na multipropriedade de clubes. Por todo esse contexto é que a SAF do Bahia, se bem sucedida, será um importante indicativo da viabilidade das SAFs”, afirma o especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.

Tiago Gomes, advogado especializado em direito desportivo, cita que “a conclusão do negócio envolvendo o City Group e o Bahia é mais um passo no sentido do reconhecimento da atratividade do futebol brasileiro a investidores, o que foi permitido pela Lei das SAFs. É uma lei que tem a grande virtude de se utilizar dos instrumentos já consagrados – e devidamente testados – pela Lei das Sociedades por Ações, e estabelecer mecanismos adicionais específicos que foram pensados para a realidade do futebol nacional”.

“Portanto, não é surpreendente que nesse contexto, que se soma ao momento em que o mundo verifica a criação de diversos grupos com múltiplos clubes, que um dos clubes mais populares e tradicionais do país como é o caso do Bahia seja adquirido por um grupo como o City Group. A força de investidores dessa natureza, se observarmos as experiências anteriores aqui e em outros países, tende a subir o sarrafo do futebol nacional no curto e médio prazo, fazendo com que outros clubes busquem não só pelo dinheiro dos investidores, mas pela qualificação de sua governança. Isso é ótimo”, avalia o advogado.

O economista César Grafietti diz que as SAFs onde os acionistas assumem por inteiro as dívidas deixadas pelas associações tendem a apresentar riscos menores.

“O que temos visto em termos de segurança para as SAFs conversa muito com minha visão inicial desse instrumento: quem fizer da forma correta terá menos dores de cabeça. Para o novo acionista ainda há muitas dúvidas de como a Justiça tratará alguns temas, como dívidas fiscais, por exemplo. Quando esses investidores chegam assumindo toda a dívida esse risco diminui. Por isso vemos menos discussões envolvendo Botafogo e Vasco. No caso do Bahia com o grupo City o que se espera é o mesmo impacto, seja porque o grupo assume todas as dívidas, seja porque essas são substancialmente menores e mais facilmente resolvidas”, avalia.

“No mais, a operação Bahia-City nos mostra que a paciência e a negociação de forma organizada são os melhores aliados para um projeto começar da forma correta”, ressalta Grafietti.

No sábado, foram realizadas duas assembleias entre os sócios do Bahia, uma pela manhã e outra à tarde. Na primeira – 8h às 13h –, foi aprovada a adequação do estatuto do clube à Lei nº 14.193/2021 (Lei da SAF), que possibilitou o Tricolor a constituir uma SAF. Depois, a segunda assembleia – das 14h às 19h – aprovou a constituição do Bahia SAF.

Logo após o resultado, o CEO do Grupo City, Ferran Soriano, comemorou o negócio e agradeceu a confiança dos torcedores tricolores.

“Aos sócios do Bahia, eu quero dizer obrigado. Em nome de todos nós, do City Football Group, obrigado pela confiança, obrigado por confiar na gente para cuidar do clube de vocês. É uma grande honra, mas sabemos também que é uma grande responsabilidade. Responsabilidade que encaramos com ambição, mas também com a seriedade que merece. Hoje é um dia histórico”, disse o empresário, que acrescentou:

“Desde hoje, estamos juntos para fazer do Bahia um clube ainda maior e melhor. Pela nossa frente temos um novo e maravilhoso caminho. Vamos precisar da ajuda e do apoio de vocês (torcedores). Tenho certeza que vamos ter. De novo, muito obrigado. Bora Bahea”.

Com a aprovação dos sócios, as partes vão intensificar o processo de transação e a expectativa é que tudo esteja oficializado até o início de 2023. O Grupo City ficará com 90% da SAF, enquanto os outros 10% serão do Bahia.

O Grupo City surgiu em 2013 e conta com 12 clubes espalhados pelo mundo, sendo o Manchester City o principal deles. Os outros são: New York City (Estados Unidos), Melbourne City (Austrália), Mumbai City FC (Índia), Lommell SK (Bélgica), ESTAC Troyes (França), Montevideo City Torque (Uruguai), Yokohama Marinos (Japão), Girona (Espanha), Sichuan Jiniu (China), Palermo (Itália) e Bolívar (Bolívia).

Crédito imagem: Bahia/Felipe Oliveira

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