No dia 2 de outubro de 2019, a English Football League (EFL) divulgou a nota de imprensa em relação à punição aplicada ao Liverpool FC, por ter infringido o regulamento da Carabao Cup ao ter entrado em campo com um jogador irregular durante a partida contra o Milton Keynes Dons no dia 25 de setembro de 2019.
O Liverpool entrou em campo com o jogador Pedro Chirivella Burgos, jogador da agremiação, que na temporada passada estava emprestado para o clube espanhol Extremadura Union Deportiva. A punição do Liverpool foi uma multa de duzentas mil libras esterlinas (porém, o pagamento de cem mil libras esterlinas está suspenso até o final da temporada do ano que vem, a de 2020/2021, caso o Liverpool não infrinja outra regra até lá).
Essa punição gerou controvérsia na Inglaterra. Recentemente dois clubes tiveram punições muito mais severas por motivos semelhantes. Em 2016, o Bury Football Club também entrou em campo com jogador irregular e sua punição foi a perda de 3 pontos. Enquanto o Grays Athletic Football Club foi expulso da FA Cup na temporada atual.
Então por que o Liverpool (aparentemente) recebeu uma punição menos severa? A EFL não divulgou detalhes da decisão do seu comitê disciplinar no caso do Liverpool. Apenas divulgou a nota de imprensa do dia 2 de outubro, que nem sequer confirma a constituição do seu comitê disciplinar. Por meio da nota, a EFL informou que a punição por multa foi devido a fatores mitigantes e evidências comprovadas pelo Liverpool. Sem maiores detalhes, a EFL informou que o clube não havia obtido o international clearance do Chirivella uma vez que seu empréstimo terminou (já havíamos alertado sobre a importância do international clearance – sobre o tema assistam ao vídeo Lei em Campo #7), assim caracterizando a irregularidade. Quanto aos fatores mitigantes, a EFL informou que o Liverpool buscou assistência da FA no retorno do atleta à Inglaterra, por meio do international clearance, antes do início da temporada, e que o clube pode incluir o jogador na lista de escalação para jogos da Premier League Two (também sujeito ao regulamento da Premier League). Ademais, foi o próprio clube que reportou a situação irregular do seu jogador para a EFL e a Premier League, logo após o jogo contra o Milton Keynes Dons. Por esses motivos a EFL concluiu que a punição financeira seria mais apropriada nas circunstâncias.
Vamos além. Entendemos também ser diferença significativa entre os fatos dos três casos (Bury, Grays Athletic e Liverpool). A infração do Bury em 2016, resultou na decisão do comitê disciplinar da EFL que na época decidiu evocar a regra 44.2 do regulamento da EFL, que determina a possibilidade de dedução de 3 pontos ao clube infrator. No caso do Liverpool, provavelmente a mesma regra foi evocada, mas um peso maior foi dado ao mea culpa da agremiação. A regra 44.2 também prevê o poder discricionário do comitê disciplinar para aplicar qualquer outra punição. No caso do Liverpool, o comitê aparentemente entendeu ser mais apropriado a punição financeira. Em relação à infração do Grays Athletic, tendo em vista estarem em outra competição (FA Cup é uma competição da Football Association), sujeitos a outro regulamento e, portanto, outro comitê disciplinar decidiu por sua expulsão do torneio.
Sem a divulgação da decisão do comitê disciplinar da EFL não há como escrutinizarmos os motivos da punição atual. E assim, apesar de obscura a decisão do comitê, o que fica claro é que a punição do Liverpool saiu barato.