A partir do primeiro dia de 2021, um dos principais campeonatos de futebol do mundo terá uma mudança significativa no sistema de transferência de jogadores. Na esteira do Brexit, movimento de saída do Reino Unido da União Europeia, a Federação Inglesa (FA), junto com a Premier League e com a EFL, liga que comanda as divisões inferiores no país, anunciou nesta semana que jogadores que fazem parte dos países da União Europeia precisarão de um novo tipo visto de trabalho para atuar pelos clubes ingleses.
Um sistema de pontos vai determinar se um jogador poderá receber a permissão para trabalhar. Nele, serão levados em conta a presença do jogador atuando por sua seleção nacional, a qualidade do clube vendedor, da liga em que ele participa e número de partidas disputadas nos torneios nacionais e continentais. Além disso, os clubes não podem contratar jogadores estrangeiros até os 18 anos e estarão limitados a contratar, no máximo, três jogadores estrangeiros com menos de 21 anos em qualquer janela única de transferência e um total de no máximo seis por temporada. As novas regras entram em vigor ao mesmo tempo em que o Reino Unido deixar a União Europeia, ou seja, no próximo dia 31 de dezembro, valendo assim já na janela de transferências de inverno.
“O que mudou é que o que antes era aplicável para brasileiros, passa a ser aplicado também para os europeus. Um dos requisitos para o visto é que o jogador precisava de endosso da FA para contribuir para a melhoria do esporte nacional. Quem faz o endosso é a FA. O que mudou é que o endosso está mais bem definido, para apresentar maior clareza, europeus comunitários passam a necessitar do endosso, sistema baseado na pontuação simples pelo governo britânico, e tem o endosso da FA, que vai ter uma pontuação”, analisou o advogado especialista em direito esportivo Luiz Gustavo Costa.
Do ponto de vista financeiro, restrições indicam menor oferta de atletas, e isso pode gerar aumento de preços nas negociações. “Certamente impactará clubes menores, com menos possibilidade de buscar apostas de clubes e ligas menores, ao mesmo tempo em que deve gerar maior movimentação de atletas em direção às outras quatro grandes ligas, favorecendo os clubes que atuam nela”, explica o economista César Grafietti.
Uma das maiores preocupações inglesas é como não atrapalhar o desenvolvimento de jovens jogadores ingleses, incentivando os clubes a produzirem mais talentos locais ao invés de contratarem jovens estrangeiros.
O grande dilema agora é se a Premier League, com essas mudanças, será capaz de recrutar os melhores jogadores do mundo, fazendo com que ela permaneça competitiva e atraente. Ou se o Brexit vai isolar a ilha futebolisticamente, o que acontecia até o início dos anos 90.
“O cerne da questão recai sobre as limitações impostas aos clubes, na tentativa de fortalecer os talentos do próprio futebol inglês. Ao mesmo tempo que impulsiona o seu futebol interno, limita-se rigorosamente a liberdade dos clubes quanto ao próprio negócio. Uma realidade que precisa ser analisada na prática, principalmente tratando-se de um dos campeonatos mais rentáveis do mundo e uma importante vitrine para atletas de todo o mundo”, finaliza a advogada especialista em direito esportivo Fernanda Chamusca.
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