A Copa do Mundo Feminina 2023 teve início nesta quinta-feira (20) sob a expectativa de ser a maior de todas, superando a edição anterior, na França. O Mundial deste ano, disputado na Austrália e Nova Zelândia, conta com número recorde de seleções (32), maior visibilidade e investimento.
O futebol feminino se desenvolveu intensamente nos últimos anos. Hoje a modalidade é uma realidade, com números reforçando isso. Diversos fatores foram responsáveis por essa evolução, que até poucos anos parecia bastante distante.
Para o advogado João Paulo di Carlo, especialista em direito desportivo, o crescimento do futebol feminino se deve a alterações significantes do mundo do futebol e da sociedade.
“Não se pode olvidar da impulsão gerada pelo crescimento do feminismo ao redor do mundo, que é importantíssimo para a briga por direitos e condições iguais, sem discriminação, tanto na sociedade, como também no esporte. É o engajamento necessário, a cereja desse bolo que não para – e nem poderá – parar de crescer!”, ressalta.
Luiza Soares, advogada especializada em direito desportivo, enxerga esse crescimento que a gente vivencia hoje como uma demanda que sempre existiu. “Sempre houve talentos e mulheres dispostas a fazer o futebol acontecer e ter seu devido reconhecimento”, afirma.
A FIFA, entidade máxima do futebol, teve um papel importante nessa história. Em 2016, a federação criou um caminho para desenvolver, fortalecer e evoluir a modalidade.
“A FIFA nos últimos anos percebe essa demanda e, acertadamente, passa a buscar formas de viabilizar o futebol feminino, entendendo suas particularidades e potencialidades. O desenvolvimento da categoria, que a Copa do Mundo pode ser considerado o auge, é resultado de uma equação que combina trabalho, dedicação, conhecimento e investimento dos envolvidos. É claro que a gente sempre deve ressaltar que esse desenvolvimento precisa ser contínuo, mas momentos como esse de Mundial demonstram o que já se concretizou até aqui e sinalizam um norte para que se busque evoluir ainda mais”, diz Luiza Soares.
O advogado João Paulo di Carlo cita mudanças feitas pela FIFA no aspecto jurídico e financeiro que contribuíram para esse desenvolvimento.
“Do lado jurídico, podemos citar as alterações específicas para as mulheres no RSTP da FIFA, principalmente na proteção à maternidade, a exigência de equipes femininas para a disputa da Libertadores, da Série A do Campeonato Brasileiro no Masculino, criação de novas competições ao redor do mundo, a mais recente: a UEFA Nations League Feminina. Do lado financeiro, o investimento massivo da FIFA através dos seus programas de desenvolvimento, como, por exemplo, o FIFA Forward e FIFA Women’s Football Strategy, sendo fundamentais para levar o futebol feminino a diversos países, colaborando com a estruturação e crescimento da modalidade”, conta.
Ele destaca também que no Brasil, no ano passado, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), bateu recorde de investimento no futebol feminino, em todos os âmbitos e categorias, tanto nas seleções quanto nas competições.
“Por conseguinte, com aumento da estrutura e das condições, aumenta-se a qualidade do espetáculo e das atletas. Em seguida, cresce o interesse do público, que se traduz em incremento de audiência e presença nos estádios, levando ao interesse, cada vez maior, das marcas e parceiros comerciais a participarem da modalidade. Assim, se produz um efeito cascata”, acrescenta João Paulo di Carlo.
Na edição deste ano, pela primeira vez as jogadoras participantes terão premiação individual mínima garantida. O valor varia entre R$ 147 mil (US$ 30 mil) para quem cair na primeira fase até R$ 1,3 milhão (US$ 270 mil) para as atletas campeãs.
“Como é de se esperar em uma Copa do Mundo, os olhos dos stakeholders estão voltados para o evento e é uma oportunidade de se fomentar investimentos e levantar questões importantes. Desde a última edição do Mundial, em 2019, o evento prova sua importância e seu potencial de movimentar patrocínios, ações e atenção como um todo, o que ao longo do próximo ciclo de quatro anos irá refletir-se no futebol feminino em geral. Embora ainda se tenha muito a avançar, penso que a tendência é de crescimento pelos próximos anos. Esta edição de 2023 já se mostra maior do que a de 2019 e, certamente, a de 2027 irá superá-la”, finaliza Luiza Soares.
Crédito imagem: Federação Espanhola/Divulgação
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