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Coronavírus não poupa ninguém no esporte, mas a base pode perder ainda mais

A crise é inimaginável. Muitas vezes acordo pensando que tudo é um grande pesadelo. Não é. O mundo entrou em colapso. As pessoas correm risco de perder a vida. O vírus prendeu a sociedade, e parou o esporte. Todos vão perder, mas a base do esporte vai perder ainda mais. E aqui vamos usar o exemplo do futebol.

O novo coronavírus já impacta a base do futebol brasileiro.

“Aos que minimamente acompanham o processo de formação desportiva de um atleta de futebol, é fato incontroverso a extrema importância que cada período e estágio de treinamentos têm no árduo e sinuoso caminho que as crianças/atletas percorrem na busca do sonho que habita o coração/mente de cada um deles”, escreveu para o Lei em Campo o advogado especializado em direito esportivo Rafael Cobra.

Cada vez mais os envolvidos com o esporte se convencem da importância da formação de atletas, e investem cada vez mais dinheiro nesta etapa. Uma rotina mais rígiida de treinamentos, profissionais cada vez mais capacitados, e um número cada vez maior de campeonatos organizados pelas entidades federativas. E eles, claro, também pararam.

Claro que isso trará um prejuízo técnico gigante a esses atletas. Para alguns, pode representar o fim do sonho de vencer tendo a bola como aliada.

Claro que a falta de jogo, de treino, do convívio do futebol traz prejuízo até para aqueles que estão iniciando nas primeiras categorias, com 8, 10 anos. Mas e para aqueles que estão com 15 anos, prestes a assinar o primeiro contrato como jogador?

Imagine um atleta que está no último ano da base. 2020 seria o ano para se firmar, se destacar e conquistar um espaço no concorrido mercado profissional do futebol,

Rafael Cobra escreveu: “Conheço inúmeros casos concretos, em todas as categorias do processo de formação desportiva e, por tal razão, entristeço-me em notar que muitos atletas terão seu caminho na busca do sonho de se tornar atleta profissional de alto rendimento dificultado ainda mais (para não dizer inviabilizado em muitos casos) por este duríssimo e inesperado “adversário”

Nessa hora de crise inimaginável, é preciso buscar refletir e buscar novas soluções.

A questão psicológica passa a ser ainda mais importante, ela que muitas vezes é esquecida pelos clubes na formação. É preciso entregar a esses atletas o devido acompanhamento com especialista da área.

Ainda não se sabe o tamanho do prejuízo técnico que a parada irá trazer para esses atletas em formação, até porque não se tem ideia de quando o futebol voltará a ser uma atividade segura. Qualquer data agora não passa de um exercício de “achômetro”, completamente desnecessário para o momento.

Claro que as entidades esportivas precisam trabalhar com cenários, ouvindo autoridades de saúde. É assim que se trabalha de maneira responsável, analisando cenários e se preparando para todos. Claro que o negócio futebol precisa voltar a produzir, já que alimenta a casa de muita gente e o sonho de milhões de brasileiros.

Mas tudo precisa ser feito ouvindo aqueles que são os protagonistas desse jogo: as autoridades de saúde. Eu não acredito em uma volta ainda no primeiro semestre.

E, com as competições voltando no segundo semestre, a temporada 2020 ficará comprometida de maneira irreversível.

Não seria o caso de se buscar algo novo, excepcional e que pode ajudar o futuro de nosso futebol? Por que não mudar a classificação etária dos atletas, passando a usar anos pares como parâmetros, e não mais os ímpares por um tempo, a fim de dar mais um ano de preparação para esses atletas?

Eu concordo com o Rafael. Acho que dessa forma, as entidades esportivas conseguem devolver a esses jovens atletas o que o coronavírus tirou em 2020: uma preparação adequada para poder competir no concorrido mundo da bola.

Como venho dizendo aqui há bastante tempo: situação excepcional exige soluções excepcionais.

As entidades esportivas, tenho certeza, estão refletindo sobre isso.

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