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Criação de janela de transferências nacional busca garantir regularidade e integridade das competições

A partir da próxima temporada o futebol brasileiro passará por uma mudança importante. Nos últimos dias, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enviou um ofício aos clubes e federações para informar a criação de uma janela nacional de transferências para 2022. A medida atende a uma exigência feita pela Fifa – entidade máxima do futebol –, visa garantir a regularidade e integridade das competições, e obrigará os clubes a se planejarem melhor.

“A normativa FIFA estabelece que não deve haver diferença entre os períodos de registros oriundos de transferências nacionais ou internacionais, o que não ocorria no Brasil. A CBF se adequou tardiamente a exigência prevista no artigo 6 do RSTJ (Regulamento sobre Status e Transferência de Jogadores). Os períodos de registro foram pensados para fortalecer o princípio da estabilidade contratual, entre clubes e jogadores, bem como a regularidade e integridade das competições”, ressalta João Paulo Di Carlo, advogado especializado em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.

Cesar Grafietti, economista e consultor do Itaú BBA, afirma que a implementação da janela de transferências nacional iguala o Brasil aos demais mercados relevantes do mundo.

Na prática, o que muda é que os dois períodos de registros de novos jogadores que se antes limitavam às transferências internacionais, agora terão que ser respeitados, também, para registro de transferências entre clubes brasileiros, com as mesmas regras e exceções.

Na temporada 2022, as janelas de transferências serão:

– Primeiro semestre: de 19 de janeiro a 12 de abril;

– Segundo semestre: de 18 de julho a 15 de agosto.

Nesse primeiro momento, a regra valerá apenas para os clubes das Séries A e B do futebol masculino. No entanto, a tendência é que ela seja estendida para as demais divisões a partir de 2023.

Com a novidade, nenhuma transferência nacional poderá ser feita fora do período especificado. As exceções, tal qual em transações internacionais, são aqueles atletas sem vínculo com qualquer clube ou que tiveram contrato rescindido antes do término dessas janelas.

Os jogadores emprestados também só poderão retornar aos seus times de origem dentro das janelas.

“Os períodos de transferência internacional e nacional vão coincidir, sob as mesmas regras e exceções. A Fifa já tinha colocado isso no regulamento, e fizemos o pleito para termos um período de adaptação”, explicou Reynaldo Buzzoni, diretor de registro, transferência e licenciamento de clubes da CBF, em entrevista ao ‘ge’.

O dirigente acredita que a mudança irá requisitar um melhor planejamento por parte dos clubes.

“Vai ter que ser feita uma melhor gestão dos elencos. A janela fecha após a primeira rodada do Brasileiro (em 2022), e o clube terá que utilizar aquele time por três meses até a abertura do período seguinte, em agosto”, acrescentou.

Para Cesar Grafietti, a criação da janela de transferências além de obrigar os clubes a realizar um melhor planejamento, também vai ajudar no controle financeiro dos mesmos.

“A manutenção de poucas janelas com prazo relativamente curto obriga os clubes a se organizarem, a pensarem a formação dos elencos de forma mais cuidadosa, e retira dos dirigentes uma estratégia que serve apenas para abafar crises, que é a de contratar a qualquer momento para dizer que está pensando na equipe, mas geralmente serve apenas para atender demandas da torcida e da imprensa. Vai ajudar também no controle financeiro, pois o clube deixa de gastar de informa quase que ilimitada”, avalia o economista.

“Os clubes brasileiros terão que se adaptar a essas novas datas, tanto na hora de programar os elencos no início da temporada, como na hora de realizar contratações, o que requer uma nova estratégia financeira para a temporada”, finaliza João Paulo.

A mudança deverá ser oficializada no Regulamento Nacional de Registro e Transferência da CBF nos próximos dias.

Crédito imagem: CBF

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