O presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, acusa o ex-presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, de ter feito uma proposta de R$ 12 milhões para evitar que a denúncia de assédio moral e sexual contra Caboclo fosse apresentada pela funcionária.
A acusação foi feita por meio de uma nota enviada pela defesa de Caboclo. O dirigente afastado apresenta também um documento manuscrito, que seria de Del Nero, como parte da prova.
Nos próximos dias, está previsto uma reunião da diretoria da CBF para discutir a ampliação do afastamento de Caboclo
Na última sexta-feira (25), o presidente afastado, Rogério Caboclo, apresentou uma petição à Comissão de Ética da entidade pedindo a revogação de sua suspensão e, consequentemente, seu retorno ao cargo.
No documento, Caboclo argumenta que a decisão do Comitê de Ética da CBF de afasta-lo por 30 dias não possui previsão legal, alegando que o estatuto e Código de Ética não tratam da possibilidade de suspender o mandato de dirigentes envolvidos em processos éticos.
É importante destacar que a petição não se refere a defesa de Caboclo em relação às acusações de assédio moral e sexual, que ainda está sendo preparada para ser apresentada à Comissão de Ética da CBF.
Para relembrar, a Comissão de Ética tem até o dia 7 de julho para concluir a investigação, mas prazo pode ser ampliado. Depois disso, a Assembleia Geral (formada pelos presidentes das federações) vota pela destituição ou recondução de Rogério Caboclo. Caso Caboclo seja afastado, acontece uma nova eleição dentro de 30 dias para escolher um presidente que ficará no cargo até abril de 2023. Nessa eleição só podem se candidatar os 8 vice-presidentes da CBF, e participam da eleição as federações (com voto com peso 3), os 0 clubes da série A (peso 2 o voto) e 20 clubes da série B (peso 1 o voto).
Ao ‘GE’, Del Nero respondeu às acusações:
“O desditoso Rogério Caboclo é perverso, além de seu falar temulento e andar trôpego, e por esse ego inflado, mentiroso empedernido, viaja em alucinações, achando que pode esconder seus assédios, alavancando acusações desconexas e inverídicas a outros. Aconselho-o cuidar de si e das vítimas”, declarou o ex-dirigente.
Confira a íntegra da nota de Rogério Caboclo
“O presidente da CBF, Rogério Caboclo, revela mais uma prova contundente de que Marco Polo Del Nero, ex-presidente da confederação banido do futebol, foi quem trouxe a proposta de R$ 12 milhões para evitar que uma funcionária protocolasse uma acusação no Conselho de Ética da entidade e a tornasse pública. Trata-se de uma anotação feita à mão por Del Nero apontando o valor de R$ 12,409 milhões, quantia que deveria ser paga pela CBF como uma indenização à funcionária em troca da não apresentação da acusação. Logo à frente do número 12.409 foi escrito: “corresp [correspondente] 20 anos de salário, transferindo ao valor presente a uma taxa [de correção] de 2,75 [%] anual”.
A negociação proposta por Del Nero e por seus aliados exigia inicialmente R$ 12 milhões, correspondentes ao pagamento dos vencimentos mensais até a ocasião da aposentadoria da funcionária, mediante sua imediata demissão para que essa acusação não fosse apresentada à Comissão de Ética e tornada pública.
Este documento é a prova cabal de que as acusações contra Rogério Caboclo fazem parte de um golpe orquestrado por Marco Polo Del Nero para plantar aliados no comando da CBF e, assim, voltar a dar as cartas na entidade. Neste momento, os comandados por Del Nero que ainda pertencem aos quadros da CBF preparam mudanças ilegais no estatuto da entidade para tentar impedir Rogério Caboclo de voltar ao cargo.
Em reunião marcada para sexta-feira (2/7/2021), eles ainda pretendem incluir no estatuto uma regra que permita a ampliação do prazo do afastamento do presidente da CBF para, assim, atender seus interesses particulares e momentâneos. Trata-se de um passado que não queremos de volta, marcado por múltiplos escândalos de corrupção e vários processos criminais.
As mudanças estatutárias que estão sendo orquestradas pelos meus adversários são ilegais, conforme parecer do jurista Fábio Ulhoa Coelho, professor titular de direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo”.
Crédito imagem: Reuters
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