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Crise no esporte com coronavírus é grave, e não há espaço para “achômetro”

A crise que atinge também o esporte por conta do coronavírus é grave. E nessa hora não existe espaço para “achômetro“. É hora de ouvir quem estuda, entende e trabalha com epidemias, os verdadeiros especialistas nessa área.

E isso vale para o meu caso, para o seu, para dirigentes esportivos, e para todos que não trabalham na área da saúde pública.

Nessa hora em que o mundo inteiro está assustado, o movimento esportivo precisa buscar a ajuda de assessoria qualificada para tomar a decisão sobre como agir. E respeitar também a política pública de controle adotada pelo Estado.

E ninguém que não seja da área de saúde pública pode dizer qual o caminho tomar. Qualquer passo nessa linha por pessoas que não sejam da área é irresponsabilidade.

Agora, é fundamental cobrar das entidades responsáveis, como secretarias de saúde, Ministério da Saúde, uma política de prevenção, e ações concretas no combate ao problema. Cobrar que apresentem um plano de ação, e que as entidades esportivas e a sociedade respeitem, e sigam.

O jornalista também precisa de cuidado nessa hora. Acostumado a dar palpites sobre o jogo, pode escorregar naquilo que não sabe. É preciso lembrar de algo fundamental: jornalista não precisa saber de tudo, mas tem sempre o dever de se informar com quem sabe, com especialistas, na hora de divulgar algo que não domina.

Jornalistas não podem alimentar a indústria da desinformação, nem da irresponsabilidade. O Newsguard, um serviço que apura informações online, já analisou e constatou que a desinformação sobre o coronavírus é gigante, com as pessoas compartilhando mais informações falsas do que as confiáveis. Isso ajuda a alimentar o pânico e não colabora no trabalho preventivo.

O problema é sério. Claro que sim!

O caso nunca foi “exagero” de ninguém. Pelo alto número de contaminados e impossibilidade de atender a todos, a Itália adotou estratégia de guerra. Pessoas com mais de 85 estão voltando para casa sem receber atendimento, a maioria para morrer. A Alemanha já disse que cerca de 70% da população serão contaminados. Claro que o esporte precisa entender a gravidade e trabalhar junto na prevenção e combate. Por isso, essa avalanche de eventos esportivos sendo cancelados.

Mas não é simplesmente gritar “cancela” e pronto. Também não é assim. Existe o problema de saúde pública, mas também um grande negócio não só para grandes investidores.

A saúde pública é a prioridade, mas é preciso entender também que o esporte movimenta a economia. E alimenta pessoas. Pessoas que vivem do dinheiro que ganham por cuidar de um portão, por vender comida em dias de jogos, por limpar os banheiros dos estádios.

O atleta também vive do jogo. Trabalha e se prepara para competir. Três, seis meses sem poder trabalhar podem ser decisivos na carreira de atletas de ponta.

Entenda: claro que a prioridade maior é a saúde pública, sempre. Tão mais importante que até o princípio esportivo da autonomia esportiva fica de lado nessa hora. A decisão tomada pelo Poder Público precisa ser respeitada pela iniciativa privada, mesmo que um jogo com portões fechados, por exemplo, ataque um princípio caro ao esporte, o da paridade de armas, que preserva o equilíbrio esportivo. O motivo de “força maior” justificaria medidas extremas como essa, de fechar os portões ao torcedor.

Repito. É muito grave.

E, pela última vez: não sou eu, nem você, nem um dirigente de entidade esportiva que vai saber qual o melhor comportamento. É quem trabalha, estuda e entende do assunto. São os especialistas. O movimento esportivo precisa buscar essas pessoas e fazer aquilo que for melhor.

Diálogo. Esporte não é mundo paralelo, e buscar especialistas que ajudem em situações de risco é o único caminho possível para aqueles que trabalham de maneira séria e profissional.

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