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Cuba e a liberação do boxe feminino

Na segunda-feira de manhã, funcionários do Instituto Nacional de Esportes de Cuba, INDER, anunciaram em uma entrevista coletiva que realizariam uma competição de 42 mulheres boxeadoras em meados de dezembro para escolher 12 atletas para uma equipe feminina.

A equipe, disse órgão, competirá nos Jogos da América Central e Caribe em El Salvador, sua primeira estreia internacional.

A competição será um primeiro passo para os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris.

Na ocasião, o INDER se referiu à natureza popular da reivindicação neste sentido, salientando que a decisão busca coerência com os princípios do Programa Nacional para o Progresso da Mulher e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), da qual Cuba é signatário.

O vice-presidente do INDER disse que os dados dos torneios internacionais há mais de uma década mostram que os danos às atletas do sexo feminino são mínimos.

As atletas cubanas participam de esportes de combate como taekwondo, wrestling e judô, sendo que o levantamento de peso também se destaca como uma disciplina de máxima força física.

O anúncio vem logo após o retorno do boxe profissional masculino cubano em maio no México, com boxeadores masculinos competindo profissionalmente – e sendo pagos – pela primeira vez desde que o governo comunista proibiu os esportes profissionais há 60 anos.

Foi uma grande mudança em um país onde atletas, ou seja, boxeadores e jogadores de beisebol, saem regularmente para receber pagamentos em outros lugares.

Apesar de ser o lar de lendários boxeadores masculinos como Félix Savón, Teófilo Stevenson e Julio César La Cruz, Cuba era um dos poucos países afiliados à Associação Internacional de Boxe (IBA) que não praticava o boxe feminino.

A restrição sempre foi controversa, dado que as mulheres podiam competir em outros esportes de combate, como o taekwondo e a luta livre.

As regras para não permitir que as mulheres competissem no boxe forçaram muitas cubanas a migrarem para outros países a fim de poderem competir no esporte.

O novo código de família cubano, em vigor desde 27 de setembro de 2022, que foi bem recebido por expandir os direitos matrimoniais dos indivíduos LGBTQ, estabeleceu uma linha firme de igualdade entre homens e mulheres, o que levou o governo a reconsiderar as restrições quanto ao boxe feminino pela primeira vez em décadas.

O código, aprovado via referendo, amplia a definição tradicional de família, legaliza o casamento e a adoção por casais do mesmo sexo e oferece novas proteções para mulheres, crianças, idosos e outros membros vulneráveis da sociedade.

Entre suas disposições, o novo código eleva de 14 para 18 anos a idade em que um casal pode se casar, protegendo a saúde das meninas e o direito à educação, além de reduzir o risco de violência doméstica.

Entretanto, não foi esclarecido se a liberação para o boxe feminino será a nível profissional, como foi autorizado para os boxeadores masculinos no início deste ano.

Desde os Jogos Olímpicos de Verão de 1972 em Munique, Cuba dominou os recordes internacionais ao ganhar 41 medalhas de ouro na história dos Jogos.

Depois que o ex-presidente Fidel Castro proibiu o boxe profissional em 1962, o governo cubano liberou o boxe profissional masculino após 60 anos, em abril de 2022.

O boxe feminino é agora praticado em 187 dos 202 países membros da Associação Internacional de Boxe (IBA), tendo feito sua estreia nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, com três divisões, aparecendo anteriormente com uma única demonstração nos Jogos Olímpicos de Verão de 1904 em St. Louis.

Em Tokyo-2020, cujo boxe Cuba dominou sem um plantel feminino com cinco medalhas (4-0-1), as categorias subiram para cinco, e em Paris-2024 haverá seis.

Crédito imagem: Pixabay

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REFERÊNCIAS

COSTA, Elthon José Gusmão da. Aspectos jurídicos do desporto MMA. 1ª. ed. São Paulo: Mizuno, 2022.

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