Nesta quinta-feira (6), jogadores e dirigentes de clubes que disputam competições organizadas pela Conmebol receberam as primeiras doses da vacina contra a Covid-19. Além das associações de futebol do Paraguai e do Uruguai, o Atlético-GO também está entre os beneficiados pela campanha de imunização da confederação, considerada por muitos como uma espécie de ‘fura-fila’.
Para Mônica Sapucaia, advogada especialista em direitos humanos, esse “é um exemplo de negócio e inteligência econômica”.
“Não sei dizer se isso é uma boa política em relação ao combate do vírus. Porque vacina só funciona quando a comunidade está vacinada, não é uma proteção individual, mas coletiva. Além disso entra na lógica da vacinação privada, em que quem determina os escolhidos é o capital e não a saúde pública”, avalia a advogada.
As vacinas foram doadas à Conmebol pelo laboratório chinês Sinovac e disponibilizadas aos clubes que participam das competições da entidade. No entanto, as equipes brasileiras que desejarem vacinar seus profissionais terão que fazer isso fora do Brasil, uma vez que os imunizantes doados que entrarem ao país serão automaticamente repassados ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme determina a atual legislação para utilização no Programa Nacional de Imunização (PNI). O Lei em Campo explicou isso.
Daniel Dourado, médico e advogado sanitarista, explica que a previsão que veda a vacinação por iniciativa privada tem como objetivo preservar o Plano Nacional de Imunização:
“A estratégia de vacinação é coletiva, e por isso a imunização dos grupos prioritários em primeiro lugar é muito importante. Ainda que seja uma quantidade relativamente pequena de doses, contraria a lógica do Plano Nacional de Imunização, principalmente se considerarmos a escassez de vacinas”
Daniel ainda explica que “não há impedimento para que os atletas sejam vacinados fora do Brasil, desde que a legislação do país em que as doses serão aplicadas permita a imunização de estrangeiros”.
Foi exatamente isso que fez o Atlético-GO. O clube que estava no Paraguai, país onde fica localizada a Conmebol, para a disputa da Copa Sul-Americana, aproveitou a passagem e foi até o prédio da entidade para que a vacinação fosse realizada antes do retorno ao Brasil.
O presidente do Atlético-GO, Adson Batista, usou suas redes sociais para postar um vídeo registrando o momento. De acordo com ele, 44 integrantes da delegação foram imunizados. “Agradeço imensamente à Conmebol por terem dado todo o apoio ao clube para vacinação de todos. Seremos eternamente gratos!”.
A publicação dividiu opiniões. Enquanto alguns torcedores do clube comemoraram a situação, outros questionaram a decisão do Dragão por representar uma quebra na ordem de vacinação estabelecida pelas autoridades sanitárias brasileiras no PNI.
Outros clubes brasileiros já se manifestaram publicamente contrários a campanha de imunização da Conmebol. Nesta semana, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, reforçou que o Tricolor das Laranjeiras não participará da campanha, uma vez que ela não é aprovada no Brasil.
Em campo, o Atlético-GO derrotou o Libertad por 2 a 1 e se mantém na liderança do Grupo F da Sul-Americana, com sete pontos, um a mais que o clube paraguaio. O próximo compromisso do Dragão pela competição será na próxima quarta-feira (12), quando recebe o Palestino, lanterna do grupo.
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