Existem diversas maneiras de avaliar a força de um clube atualmente no futebol. Alguns dos indicadores estão fora de campo, como a receita de cada entidade durante toda a temporada. É a partir desta que surge a Deloitte Football Money League (DFML). Produzido desde a temporada 1996/97 pela consultoria internacional Deloitte, o documento reúne em formato de ranking os vinte clubes com maiores receitas nesta indústria que se transformou o futebol. É feita pela empresa uma análise tanto do mercado como um todo, como a evolução de cada clube no ano.
Metodologia
O ranking é formado a partir da receita de cada instituição do futebol. Esta é desmembrada em três áreas, comercial, broadcast e matchday. A primeira engloba todos os ganhos com patrocínio, merchandising e receita de outras operações comerciais. Já broadcast é referente a receita com direitos de transmissão das partidas em ligas domésticas, copas e competições continentais. Por fim, todo o valor arrecadado com ingressos e experiências em dias de jogos é considerado como matchday revenue. É importante ressaltar que os lucros com a venda de jogadores, valor que possui grande importância no futebol brasileiro, não são considerados neste estudo.
Números gerais:
Para iniciar, vale analisar o montante total e a divisão das receitas que compõem o ranking. Na temporada 2023/2024, a receita dos 20 clubes que mais arrecadaram foi de € 11,2 bilhões, um aumento de 6% em relação ao ano anterior.
Se tratando das fontes específicas de receita, a arrecadação em dia de jogo superou a barreira dos € 2 bilhões pela primeira vez. Esse acréscimo se dá pelo aumento da capacidade de alguns estádios dos clubes presentes no ranking, um valor mais alto no preço dos ingressos e a criação de setores premium dentro dos estádios.
Na sequência temos as receitas comerciais, que atingiram € 4,9 bilhões, com um crescimento de 10%. A Deloitte destaca três fatores para este aumento:
- Melhor uso de áreas do estádio em dias sem jogos;
- Melhor desempenho na venda de produtos dos clubes;
- Melhores contratos de patrocínio.
Por fim, as receitas de transmissões permaneceram estagnadas em € 4,3 bilhões. Sem nenhuma grande liga europeia assinando novos contratos de transmissão, os montantes permaneceram os mesmos, o que deve se repetir até 2027.
Considerando essas três fontes de receita, a área comercial é a mais relevante no montante total, correspondendo a 43,4%. As receitas com a venda de direitos de transmissões vem na sequência, com 38,1%, e por fim os ganhos com dia de jogo, com 18,6%.
Top 10:
O primeiro corte que faremos aqui é em relação aos 10 clubes que lideram o ranking. Analisando um recorte dos últimos anos, são praticamente os mesmos clubes ocupando tais colocações, sendo, atualmente, onde existe o corte dos 500 milhões de euros.
O documento produzido pela Deloitte destaca que tais clubes atingiram um patamar superior aos demais, onde as receitas comerciais possuem força o suficiente para manter a instituição entre as que mais arrecadam.
Enquanto isso, do 11º ao 20º, a divisão de receitas é diferente, com um impacto significativo vindo do resultado esportivo. Caso o clube se destaque e dispute competições europeias, principalmente a Champions League, ele consegue alcançar uma posição melhor no ranking. Caso não haja sucesso, sua posição acaba despencando. Vamos trazer exemplos destes movimentos a partir da próxima seção, ao falar dos clubes.
Real Madrid:
O clube espanhol foi quem mais arrecadou na temporada 2023/24, inaugurando o clube do bilhão, com € 1.045 bilhões, um aumento de 26% em relação ao ano anterior O fator principal para isso foi a reabertura completa do Santiago Bernabéu no início da última temporada, o que gerou uma melhora significativa nas receitas do estádio e novas possibilidades comerciais que o estádio passou a oferecer após sua modernização em dias sem jogos do Real Madrid. Além disso, não podemos deixar de citar o título do clube espanhol na UEFA Champions League, que auxilia neste impulsionamento.
Só para citar, o rival espanhol Barcelona vive um período de reforma com o Camp Nou fechado, o que contribuiu para uma queda de 5% em suas receitas.
Manchester United:
O time vermelho de Manchester é um exemplo do que foi mencionado anteriormente, ao ocupar o 4º lugar da lista, com uma receita de € 770,6 milhões, 3% a mais que no ano anterior. Os clubes presentes no top 10 têm se posicionado a partir de uma força comercial muito grande, capaz de sustentar, no caso do United, 11 anos sem títulos da Premier League, e ausências constantes da UEFA Champions League.
Juventus
O terceiro e último exemplo que queremos trazer aqui se refere ao 16º lugar do ranking, a Juventus de Turim. O clube italiano apresentou uma queda de 18% em suas receitas, com um total de € 355,7 milhões, caindo 5 posições na lista da Deloitte.
A principal razão para isso é a ausência em competições da UEFA, principalmente a Champions League. Participar de tais torneios auxilia no aumento de receitas com os dias de jogos, comerciais e, principalmente, direitos de transmissão. Ao ficar de fora, a Juventus demonstra ser um clube que ainda depende muito da negociação desses direitos para atingir um patamar superior dentro do mercado, comportamento semelhante aos demais clubes que se posicionam entre a 11ª e 20ª posição.
Flamengo
Por fim, vale citar a presença do Flamengo no documento. A Deloitte costuma trazer o top 30 além do ranking, destacando possíveis entrantes na lista nas próximas edições. Neste ano o Flamengo aparece na 30ª posição com uma receita de € 198,2. O último brasileiro que havia aparecido no ranking era o Corinthians na edição de 2014, graças às conquistas da Libertadores e Mundial de Clubes em 2012.
É um patamar significativo alcançado pelo Flamengo, pela diferença de valor entre real e euro, além de não estarem inseridas receitas com vendas de atletas no ranking da Deloitte. O Mundial de Clubes de junho pode impulsionar o clube carioca na edição de 2026, ajudando a subir ainda mais na lista. Será que veremos o Flamengo no top 20?
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Texto de Rodrigo Romano, Head de Educação do FootHub