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Dia do trabalhador

O jogador de futebol tem a pior profissão do mundo, dizia Andrei Kampff quando conversávamos sobre os atletas de futebol e as suas carreiras. Em razão do dia do trabalhador da próxima sexta-feira resolvi escrever esse texto.

O dia do trabalho é uma data que registra momentos importantes na evolução da sociedade. Começando em 1886 e sem data para terminar.

Após uma greve de operários, 1886, que se iniciou em Chicago e acabou paralisando mais de 340 mil trabalhadores nos Estados Unidos, o 1° de maio tornou-se o dia de celebrar a luta por condições de trabalhos mais dignas e saudáveis.

No Brasil, após uma grande greve que paralisou São Paulo, em 1917, no também marcou o 1° de maio. Foi algo tão importante que, em 1925 a data virou feriado nacional, por decisão do então presidente da república, Arthur Bernardes. Já em 1943, foi a vez de Getúlio Vargas entrar para a história dos trabalhadores ao criar uma consolidação das lei do trabalho, a nossa CLT também no 1° dia de maio.

Entretanto, a batalha por condições mais dignas aos atletas do futebol foi conquistada a partir do início dos anos 90, não necessariamente em 1° de maio, mas foi quando Jean-Marc Bosman recorreu à justiça pela liberdade de trabalhar em qualquer após o seu contrato de trabalho já ter vencido. Naquela época havia o vínculo ao clube pelo seu passe. (Conheça mais sobre essa história na seção júri-história, do Andrei Kampff no Lei em campo)

Desde então, após Bosman ter conseguido na justiça que não houvesse mais a necessidade de, ao final do contrato de trabalho desportivo, se manter preso ao clube e estar livre do vínculo do passe, foi um divisor de águas para qualquer jogador. Tal conquista, até os dias de hoje é importante para que os trabalhadores da bola não tivessem sua relação de trabalho análogas a escravidão.

Ser um jogador de futebol ainda o sonho de muitas crianças e jovens, mas o desejo de se tornar um craque e rico atinge apenas menos de 5% de todos os atletas profissionais da modalidade.

Um levantamento da consultoria Pluri, apontou que 82% dos jogadores de futebol no Brasil recebem apenas um salário mínimo e, aproximadamente 13,6% ganham até 5 mil reais.

Considerando que a carreira do atleta profissional não é nada longa, provavelmente se encerrando antes dos 40 anos de idade, acaba que seu futuro se torna incerto, pois trata-se de um profissional que começou muito cedo e não teve como conciliar o futebol profissional com outra atividade.

Eis o problema, a matemática não bate.

Tendo em vista que, em 2019, segundo o IBGE, a espectadora de vida dos brasileiros é de viver até os 76,3 anos, o que fará um jogador que não teve como fazer a sua própria aposentadoria, pois recebia no máximo 5 mil reais, e não teve chance de se profissionalizar em outras áreas?

Muitas profissões são tão ou mais penosas que a do atleta de futebol, porém suas carreiras são muita mais duradouras.

Assim como todas as demais profissões, o futebolista também vem sofrendo com os efeitos da Covid-19 em todo o mundo. Não digo que CR7, Neymar ou Messi estão tendo problemas financeiros em razão da epidemia, ainda que tiveram sim queda em seus rendimentos, estamos falando daqueles 95% que depende de estar em campo para ganhar algum salário.

Que esse 1° de maio sirva não só para comemorar e relembrar os operários grevistas de Chicago ou do corajoso Bosman que libertou todos os atletas dos passes, mas que também sirva para celebrarmos a chance de estar bem, saudável e com a esperança de que, também para os trabalhadores com a bola no pé, venham oportunidades e direitos melhores daqui pra frente.

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