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Doping em tempos de corona

As competições esportivas continuam paradas, e provavelmente assim continuarão por muito tempo. O vírus mudou a rotina de todos, no esporte e fora dele. Mudou, também, calendários de eventos. No esporte, os Jogos Olímpicos que estavam previstos para ocorrer no ano de 2020 foram adiados e ocorrerão apenas em 2021. E esse adiamento pode afetar todo o planejamento da alteração das normas de dopagem.

Como já falamos aqui anteriormente, as regras referentes à dopagem sofrerão mudanças sensíveis no próximo ano. A data seria perfeita: o início do primeiro ano após o encerramento de um ciclo olímpico, o auge da competição na maioria das modalidades esportivas. Mas nem tudo saiu como planejado.

Com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a competição deve ocorrer já sob a vigência de novas normas relativas à dopagem. Essa vigência, inclusive, deveria ser adiantada para o momento imediato. Se antes era possível questionar o início da vigência de uma alteração que tinha por principal objetivo a preservação da saúde dos atletas, nesse momento não há qualquer justificativa para que as novas normas não sejam aplicadas imediatamente. Muito pelo contrário.

Em um momento de isolamento generalizado, muitos pensam apenas na proteção dos atletas da infecção pelo vírus da moda. Mas a saúde vai muito além disso, e pode ser muito abalada em tempos de isolamento social, principalmente quando falamos de pessoas públicas.

O novo coronavírus trouxe uma nova realidade, na qual as pessoas têm seu convívio restrito ao núcleo mais próximo. Pais, cônjuges, filhos e irmãos, em geral, são as pessoas com as quais temos convivido. A vida social mudou, e muitas pessoas, atletas ou não, têm sentido essa mudança. Para aqueles que tinham uma vida social mais agitada, com maior assédio e com diversos relacionamentos, a mudança está sendo ainda mais intensa. E o álcool e outras drogas sociais têm sido uma válvula de escape para muitos, além das lives dos cantores sertanejos.

O consumo desses produtos pode ser extremamente danoso à saúde física e psicológica dos atletas. Por isso, a política de controle de dopagem nesse momento precisa ser extremamente cuidadosa. Suspender um atleta por longo período em razão de uso de drogas sociais durante a quarentena pode acabar de vez com a estrutura psicológica do ser humano. E é o que precisamos proteger nesse momento, cada ser humano.

Por outro lado, o controle de doping não pode parar. Há uma série de atletas aproveitando o isolamento social para fazer ciclos com anabolizantes. Nesse caso sim há necessidade de manutenção de uma política de controle rigorosa, e mesmo o menor traço de violação das normas deve ser punido. Isso porque, com a redução do volume de testes, identificar essas infrações é algo extremamente complexo e pode demorar algum tempo. Com isso, substâncias cujos períodos de meia vida sejam mais curtos podem deixar apenas resíduos quando a rotina de testagem for plenamente reestabelecida.

A política de doping deve, nesse momento, focar-se naqueles que buscam dolosamente enganar o sistema, adotando medidas extremamente brandas para aqueles que podem ter sucumbido à pressão do momento, fazendo uso de drogas sociais como forma de aliviar a tensão psicológica. Nesses casos, o aconselhamento e suporte são fundamentais para proteger cada um dos indivíduos que fazem o esporte e, com isso, proteger o próprio esporte. É a hora de adiantar aquilo que se previa apenas para 2021!

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