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Dos pratinhos (olímpicos) que equilibramos em 2020

Assisto com alegria ao final de 2020, o ano mais longo (ou mais curto?) de nossas vidas.

2020 pode ser representado como o ano em que tentamos equilibrar pratos demais. Sabe aquela cena clássica de espetáculos circenses em que um palhaço segura varinhas com pratinhos girando na extremidade, todos ao mesmo tempo e sem parar? Assim vejo o ano que está terminando.

A verdade é que a vida já era uma infinidade de pratinhos que equilibrávamos simultaneamente e o tempo todo, de papéis que desempenhamos, todos ao mesmo tempo. Mas, em 2020, me parece que os pratinhos, ou cresceram de tamanho ou ficaram pesados demais e enquanto uns giravam (perfeitamente ou nem tanto), outros desequilibraram e caíram ao chão. Pratinhos olímpicos, tamanho os desafios enfrentados por cada um neste ano que já termina.

Para o Movimento Olímpico, apesar de alguns pratos caídos (o adiamento dos Jogos Olímpicos), os demais pratos parecem ter girado com sucesso de crítica e público. É que, segundo informa o próprio Comitê Olímpico, 85% das recomendações da chamada Agenda 2020 foram cumpridas com sucesso.

A agenda 2020 é o programa de reforma promovido desde 2014 pelo Comitê Olímpico Internacional-COI e que almejava mudanças profundas em prol do progresso do movimento olímpico. Pois, essas 40 recomendações detalhadas, cujo objetivo geral era salvaguardar os valores olímpicos e fortalecer o papel do esporte na sociedade, foram quase cumpridas em sua totalidade.

Construídas com base em 3 pilares (credibilidade, sustentabilidade e juventude), essas 40 recomendações podem ser comparadas, segundo o COI, a um quebra-cabeça: quando todas as 40 peças são reunidas, surge um quadro em que se evidenciam avanços, seja no sucesso dos Jogos Olímpicos, no fortalecimento do papel do esporte na sociedade ou no aumento da conexão com a juventude. Esse quadro, fruto de 6 anos de comprometimento e engajamento de todas as partes interessadas, tem se desenvolvido gradativamente, de forma que podemos percebê-lo através das diversas ações promovidas pela entidade que lidera o Movimento Olímpico.

No que diz respeito aos Jogos Olímpicos, propriamente ditos, as mudanças promovidas pelo COI foram são vistas na forma como os Jogos Olímpicos passaram a ser organizados, com um novo procedimento considerado mais cooperativo, o que resultou, dentre outras consequências, na diminuição dos orçamentos médios das candidaturas para os Jogos Olímpicos de Inverno em cerca de 80%.

No que diz respeito aos atletas, o COI informa que mais de 100 mil atletas se inscreveram no programa denominado “Athlete365”, uma plataforma dedicada que oferece programas especialmente adaptados em seis idiomas. Já no primeiro ano do programa, cerca de 5500 atletas se beneficiaram com o apoio à transição de carreira e à saúde mental, além de terrem participado de programas como o de Aceleração de Negócios, sem mencionar a estrutura de proteção criada como parte do Programa de Prevenção de Iniciativa de Assédio e Abuso no Esporte, replicado com sucesso em todo o mundo, inclusive no Comitê Olímpico do Brasil-COB.

Vale destaque ainda o fato de que o COI e a Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram um Memorando de Entendimento, ainda no início da implementação da Agenda 2020, passando o esporte a ser o tema principal de várias das resoluções adotadas pela Assembleia Geral da ONU, que destaca a contribuição inestimável dos movimentos olímpico e paralímpico como meio eficaz de promoção da paz e do desenvolvimento através do esporte e lembrando ao mundo a importância da autonomia esportiva.

Em meio à pandemia global que ainda assola o mundo, a colaboração do COI com a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi celebrada com a assinatura de um acordo de cooperação que fortalece os esforços conjuntos para promover estilos de vida saudáveis, através da atividade física e esporte, ferramentas para a saúde em todo o mundo, o que resultou no lançamento da campanha global chamada #HealthyTogether.

Outras entregas importantes comemoradas pelo COI, incluem a implementação de novas políticas em temas como a solidariedade olímpica, a governança, além da gestão de riscos e das garantias ofertadas para a realização dos eventos.

Identificadas e analisadas ​​por meio de um processo colaborativo, realizado de forma consultiva entre os membros do Movimento Olímpico, além de especialistas externos, todas essas mudanças foram motivadas pelo reconhecimento de que o mundo vinha evoluindo rapidamente e de que o Movimento Olímpico merecia ser mais um agente dessa mudança. Não sem razão, o lema da Agenda 2020 desde a sua aprovação até a sua implementação foi “mude ou seja mudado”, um modo positivo de olhar a difícil tarefa de equilibrar cada vez mais pratos a cada ciclo olímpico.

Vale destaque ainda a recente conquista, noticiada com destaque aqui no Lei em Campo https://www.uol.com.br/esporte/colunas/lei-em-campo/2020/12/15/conquista-de-atletas-pressiona-cupula-do-esporte-a-agir-contra-preconceito.htm dando conta do fato de que os Comitês Olímpico e Paralímpicos emitiram um comunicado oficial informando que não irão punir atletas que protestarem em defesa de justiça social e racial, o que reforça o movimento global para que o esporte reveja suas regras e se torna instrumento dessas mudanças.

Como visto, para o Movimento Olímpico, em lugar de juntar os cacos dos pratinhos desequilibrados, mais valeu comemorar os novos pratos, equilibrados a cada ano, girando em alta velocidade em direção aos novos ciclos.

Aos leitores do Lei em Campo, encerro os ensaios do ano de 2020 e desejo a todos equilíbrio e força olímpicos. Boas Festas!

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