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É possível parar uma liga de 4 bilhões de euros?

A Superliga Europeia contará com um grande parceiro. Em entrevista ao jornal britânico ‘The Guardian’, o banco JP Morgan Chase confirmou que financiará a criação da nova competição de futebol no continente. Nesta segunda-feira (19), um porta-voz da empresa anunciou o apoio, mas não revelou a quantia exata que está sendo investida para o desenvolvimento da liga.

No comunicado divulgado no domingo (18), os 12 clubes fundadores da Superliga Europeia – Manchester United, Liverpool, Manchester City, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madrid, Inter de Milão, Milan e Juventus -, afirmaram que a competição terá um investimento inicial de 3,5 bilhões de euros somente no lançamento.

Os valores divulgados nunca antes foram vistos no futebol e fazem pessoas ligadas a esse esporte se perguntarem como manter uma competição nessas condições financeiras por anos.

“Ainda é complicado fazer contas a respeito. O que podemos dizer por enquanto é que há uma organização por trás da Superliga que garante um bom dinheiro nesse início. Naturalmente estamos falando de clubes ricos e com muitos fãs, que atraem interesses financeiros e comerciais. O JP Morgan oferece um adiantamento importante, e certamente essa competição atrairá interesse de patrocinadores. Ou seja, comercialmente tende a ser um grande sucesso financeiro”, avalia o economista Cesar Grafietti.

Pedro Mendonça, advogado especialista em direito desportivo, ressalta que para se atingir o potencial econômico de uma competição é preciso ter segurança jurídica.

“Não há muitas dúvidas quanto ao potencial econômico de uma competição que conte com alguns dos principais clubes do mundo. Contudo, para que esse potencial possa ser atingido sob o aspecto comercial, é necessária segurança sob a perspectiva jurídica e regulatória”, disse o advogado.

Há tempos que o projeto de uma Superliga Europeia já é idealizado por clubes expoentes do futebol europeu. Os fundadores justificam a criação da liga dizendo que “a pandemia global acelerou a instabilidade no modelo econômico do futebol europeu existente”. Segundo eles, “durante vários anos, os clubes fundadores tiveram o objetivo de melhorar a qualidade e a intensidade das competições europeias existentes ao longo de cada temporada e de criar um formato para os melhores clubes e jogadores competirem regularmente”.

 A expectativa é de que a nova competição arrecade ao menos 4 bilhões de euros anuais, mais do que a Champions League. Desse total, parte será usada para o pagamento do JP Morgan, sobrando 3,2 bilhões para ser repartido entre os clubes participantes.

Cesar Grafietti explica que disputar uma liga mais rica, trará impactos aos clubes: “agora, mais dinheiro serve primeiro para reduzir dívidas, que nos clubes da liga são enormes. Mas também significará que todos os envolvidos também demandarão retorno. Afinal, jogar uma liga muito mais rica custará mais caro. Ou seja, os atletas tendem a querer mais dinheiro, especialmente se forem afastados de suas seleções nacionais”.

“Nas ligas americanas, referência para esta liga, a realidade é de salários elevados, compatíveis com as receitas. Por mais que haja salary cap, ainda assim a maior parte do dinheiro vai para os atletas. Ainda haverá impactos nos clubes que não jogarão. Certamente as competições perderão valor, e o impacto disso tende a ser a redução de investimentos, especialmente na formação de atletas. Vale lembrar que é a partir dos clubes menores que os clubes grandes são compostos. Menos dinheiro, menos formação”, completou Grafietti.

Como serão divididos os valores da Superliga Europeia?

As equipes fundadoras ficarão com a maior parte do dinheiro, aproximadamente 119 milhões de euros (R$ 800 milhões) cada. Somente essa quantia já é maior ao que o Bayern Munique, campeão da última edição, ganhou na Champions League 2020/21.

Também há 20% divididos por méritos. Um montante de 540 milhões de euros será pago por ranking do ano anterior, havendo prêmios por classificações. O campeão desembolsará 40 milhões de euros extras.

Por último, outros 15% serão distribuídos por reconhecimento do clube junto ao público.

O documento finaliza dizendo que os clubes podem ganhar entre 56 milhões de euros e 240 milhões de euros por cada ano da liga. Dessa forma, cada time participante da Superliga Europeia poderá conquistar até 270 milhões euros (R$ 1,8 bilhão), o que representa quase três vezes mais o que o campeão da Champions League fatura.

‘Contra-ataque’ da Uefa

Além de anunciar a exclusão de clubes e de jogadores, a Uefa tenta de outra maneira impedir a realização da Superliga Europeia. A entidade está em negociações com a Centricus Asset Management para um pacote de financiamento de 6 bilhões de euros para reformular a Champions League.

De acordo com a ‘Bloomberg’, o valor pretendido pela Uefa é ainda maior do que o previsto pela Superliga, estimado em 4 bilhões de euros.

As negociações começaram antes mesmo da criação da nova competição europeia e é visto como uma resposta da Uefa aos clubes que oficializaram a Superliga Europeia.

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