A promulgação da Lei que cria a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tem sido tratada como uma grande chance de salvação para o futebol brasileiro, eis que pode atrais investidores.
A grande questão gira em torno de se saber o que faria um investidor não preferir colocar seu dinheiro no futebol brasileiro ao invés do mercado europeu.
O Brasil vive um momento de forte instabilidade política e econômica em que a moeda brasileira tem se valorizado fortemente e a inflação crescendo.
Além disso, a legislação trabalhista brasileira é protecionista e Brasil possui alguma insegurança jurídica em razão da divergência de interpretações judiciais e, ainda, pelo fato de haver decisões pautadas em entendimentos contrários a textos expressos de lei.
Não bastasse as questões estatais, a (des) organização do futebol brasileiro também deixa a desejar.
Isso porque a CBF divulgou o calendário de 2022.
Segundo calendário divulgado, o campeonato brasileiro terminará no dia 13 de novembro, ou seja, há uma semana da Copa do Mundo do Catar que terá seu início em 21 de novembro.
Além disso, haverá 8 “datas FIFA” para amistosos.
Ou seja, os clubes brasileiros perderão seus atletas selecionáveis em jogos importantes e, especialmente, na reta final do brasileirão.
Assim, Flamengo pode estar a disputar jogos decisivos sem Gabigol, Diego e Arrascaeta, por exemplo.
Além de desvalorizar o “produto campeonato brasileiro”, o calendário desestimula investimentos. Ora, um investidor colocará seu dinheiro para a contratação de grandes atletas sem poder contar com eles quando o time mais precisar?
A situação torna-se ainda mais curiosa ao se constatar que os esvaziados campeonatos estaduais ocorrerão entre 26 de janeiro e 03 de abril e sem qualquer conflito com as datas FIFA e com a Copa do Mundo.
Não se trata aqui de defender o fim dos estaduais. Mas, não faz sentido a principal competição do futebol brasileiro ser prejudicada por eles.
O fato é que à exceção do Campeonato Paulista, todos os demais são deficitários e corre-se o risco de uma série de estaduais serem jogados sem transmissão pela TV, uma vez que a Globo manifestou desinteresse com a competição.
Com isso, a se manter os estaduais, eles deveriam ser realizados no final do ano com término próximo à Copa do Mundo, ou com datas espalhadas ao longo do ano de forma que o Brasileirão começasse em fevereiro.
Outra opção seria organizar os campeonatos estaduais com a entrada dos clubes com competições nacionais somente na fase final.
Não adianta virar clube-empresa e estabelecer gestões modernas e profissionais nos clubes se o calendário e o “produto campeonato brasileiro” não forem tratados também de forma racional e profissional e alheio a interesses políticos.
Crédito imagem: Unsplash
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