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e-Sports: ser ou não ser, eis a questão

Os esportes eletrônicos são ou não são esportes? Desdobramentos de uma afirmação desastrosa da Ministra dos Esportes.
Logo no início do ano, poucos dias após tomar posse do cargo de Ministra dos Esportes, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, em entrevista para o portal UOL, em uma manifestação um tanto quanto polêmica, afirmou que os e-Sports não são esportes.
Nas palavras dela: “o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então você se diverte jogando videogame, você se divertiu. O atleta de eSports treina, mas a Ivete Sangalo também treina para dar show e ele não é atleta, ela é uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, diferente do esporte”.
O paralelo traçado entre os e-Sports e a indústria da música foi duramente criticado pela comunidade gamer. A afirmação de que o esporte eletrônico é previsível, também foi duramente criticado por diversos setores da sociedade. O tema, para se ter uma ideia, foi trend topics no LinkedIn.
Depois da confusão instaurara, e da indignação de grande parte da população jovem, adepta das mais diferentes modalidades de esportes eletrônicos como CS:GO, Dota 2, League of Legends, fantasy sports (fantasy games), Valorant e Wild Rift, dentre tantos outros, surge uma luz no fim do túnel!
O Deputado Federal Júlio César Ribeiro (Republicanos), apresentou no dia 2 de fevereiro desse ano, o Projeto de Lei 205/2023, que reconhece expressamente os esportes eletrônicos como uma modalidade esportiva, assim como outros esportes já tradicionais como o futebol, o vôlei e o basquete.
A iniciativa é louvável, pois pela via adequada (legislativa) se propõe a solucionar esse embate sobre a natureza dos e-Sports, existente há tempos, mas recentemente renovado pela Ministra dos Esportes.
A iniciativa garante aos e-Sports o reconhecimento formal dos praticantes como atletas, o que facilita uma série de questões, algumas delas triviais, como horário de trabalho e folgas e outras mais sensíveis, como é a possibilidade de obtenção de verbas públicas via lei de incentivos.
Ao que parece é justamente esse ponto que aflige a atual Ministra dos Esportes. Os esportes olímpicos atualmente padecem de incentivos. Atletas de ponta não são assistidos pelo Governo como deveriam. Incluir uma nova modalidade esportiva implica ratear entre mais entidades uma verba já escassa.
Compreensível o receio de Ana Moser. Mas ao invés de rejeitar o status de modalidade esportiva dos e-Sports, seria mais eficiente pleitear junto ao Governo um maior apoio ao esporte como um todo.
Negar a natureza de esporte dos eSports é tentar sobreviver a um tsunami com uma boia de braço, ou tentar esconder um elefante com um pano de prato.
O melhor a ser feito nesse momento pelos interessados no tema, é apoiar o Projeto de Lei 204/2023, do Deputado Federal Júlio César Ribeiro, para que ele avance no Congresso Nacional dentro de um processo democrático e plural.
Crédito imagem: FIA
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