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Em boicote à Copa do Mundo bienal, federações estudam “deixar” a Fifa. Há caminho para nova entidade?

Nos últimos dias, os bastidores do futebol mundial foram bastante movimentados. Isso porque a Fifa insiste com a ideia de realizar a Copa do Mundo a cada dois anos, contrariando a vontade de diferentes entidades. Por conta da ‘forçação de barra’, mais de uma dezena das 55 federações que pertencem à Uefa estão dispostas a deixar a entidade máxima do futebol com o intuito de boicotar o plano. Segundo a agência AP, os países nórdicos estão liderando o movimento.

É importante explicar que a renúncia da Fifa está prevista no próprio estatuto da entidade, mais especificamente no artigo 18, onde fala que uma federação pode abandonar o organismo desde que seja feita uma carta com seis meses de antecedência em relação ao fim do ano e que não haja dívidas em aberto.

Nesse caso, a discussão seria outra. Há caminho viável para o surgimento de uma entidade rival da Fifa?

Para Ana Mizutori, advogada especialista em direito desportivo, se essa renúncia das federações de fato acontecer, será uma boa oportunidade à uma nova entidade de administração do desporto surgir para filiar as mesmas e organizar competições próprias.

“Atualmente, como pudemos verificar com o episódio da Superliga, os clubes que se vinculassem ao projeto, estariam impedidos de atuar nas competições organizadas pela entidade administrativa a quem estão filiados. É importante destacar que o poder dessas entidades perante esses clubes ocorre através da vinculação entre ambos, e se limita às regras impostas pela própria entidade (Fifa, Uefa). Tanto que está em discussão na Justiça espanhola acerca da possível violação aos direitos concorrenciais na imposição de multas pela possível vinculação à liga (como a Superliga), ou eventualmente, entidade de administração desportiva diversa”, afirma.

Vinicius Loureiro, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo, diz que há caminhos para isso mesmo que as entidades não deixem a Fifa.

“A Superliga evidenciou a estrutura de monopólio e, a partir desse momento, iniciativas de fomento à concorrência devem ganhar força. Caso a FIFA tente barrar qualquer entidade associada de participar de competições paralelas pode ser punida por ferir a livre concorrência. Defender a liberdade associativa como argumento para a manutenção do monopólio é como defender que a liberdade de exercício profissional justifica trabalhos em condições análogas à escravidão. Só há liberdade se há escolha, ou seja, não há no mundo esportivo liberdade associativa. E isso deverá ser reconhecido em breve pelos tribunais europeus, fortalecendo os projetos de competições paralelas”, analisa.

“Se uma maioria na Fifa decide adotar uma proposta sobre o Mundial bienal, as associações nórdicas de futebol deverão considerar mais ações e cenários que estejam mais próximos de nossos valores fundamentais do que o que representa a ideia atual da Fifa”, disseram as federações da Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Ilhas Faroé em comunicado conjunto há alguns dias.

Essas seleções que planejam o boicote contra a Fifa possuem apoio da Uefa, já que Aleksander Ceferin, presidente da entidade que rege o futebol europeu, é um dos mais críticos à proposta de se realizar o torneio a cada dois anos.

Crédito imagem: Getty Images

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