River Plate e Boca Juniors fizeram em Buenos Aires a primeira partida da grande final da Libertadores 2018 no último dia 11 de novembro, e farão a segunda partida no próximo dia 24. Em que pese o gigantismo do duelo que está sendo chamado de jogo do século, a atenção do Direito Esportivo sul-americano esteve voltada, nos últimos dias, para a capital federal argentina, mas não por conta do confronto. Ocorreram na cidade dois eventos, o “Encuentro Internacional de Derecho Deportivo Argentina-Brasil-Paraguay-Uruguay”, no Colegio de Abogados de la Capital Federal, e o “Jurisports Buenos Aires”, na Embaixada do Brasil, que culminaram na assinatura de um convênio entre associações jurídico-esportivas para fomentar e desenvolver o tema na região.
O Instituto Iberoamericano de Derecho Deportivo (IIDD) e a Asociación Latinoamericana de Derecho del Deporte (ALADDE), instituições internacionais, e a Academia Nacional de Direito Desportivo – Brasil (ANDD), a Sociedade Brasileira de Direito Desportivo (SBDD) e o Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD), instituições brasileiras, firmaram o compromisso de trabalhar em conjunto em prol do esporte e das ciência jurídicas sul-americanas do segmento. Estão entre as principais temáticas a serem estudadas e posteriormente desenvolvidas pelas instituições as formas alternativas de resolução de conflitos esportivos no continente, criação de cursos voltados para a realidade da América Latina e assessoria aos organismos esportivos.
Diferentemente da Europa, que pensa os temas esportivos de maneira conjunta e tem no “Livro Branco sobre Esporte”, da União Europeia, a orientação estratégica sobre o papel do esporte em seu continente, a América do Sul não tem tido o mesmo alinhamento. Mas um movimento de mudança está surgindo. No primeiro semestre deste ano, em reunião extraordinária do Conselho Sul-Americano de Esporte (Consude) realizada na colombiana cidade de Cali, o ministro do Esporte do Brasil apontou a importância do intercâmbio de ciências esportivas entre os sul-americanos: “Nós somos povos irmãos nas Américas, muito em especial na América do Sul. O Brasil tem papel muito importante para todos os países do continente, e essa troca nos é enriquecedora, como também nos permite enriquecer os países irmãos com a nossa expertise para organizar grandes eventos esportivos. Então, é um momento de muito congraçamento, intercâmbio e, acima de tudo, de muita união entre os países”.
Acreditamos realmente que este é um momento oportuno para começar a mudança, buscar Buenos Aires iniciando um permanente debate das ciências esportivas e jus-desportivas da nossa região de modo compartilhado com todos os nossos vizinhos, pois, ainda que haja algumas diferenças, a realidade e os problemas são muito similares. Estamos na torcida para que Buenos Aires 2018 possa ser lembrada não só como a casa da final da Copa Libertadores, mas também, e especialmente, como o marco da evolução do Direito Esportivo da América do Sul, mola propulsora do desenvolvimento do esporte no continente. Caso contrário, continuaremos a sambar na mão dos donos do esporte e a lamentar em tom de tango a nossa eterna condição de colônia.