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Em evolução no futebol, protocolo de concussão é coisa séria no rugby

A Copa do Mundo de Rugby começou nesta sexta-feira, no Japão. A competição reúne 20 seleções. Realizada a cada quatro anos, é o ponto alto da modalidade. Mas dois atletas estarão fora desta edição. David Denton, da Escócia, e Luke Jacobson, estrela dos All Blacks, atuais campeões mundiais.

O motivo? Eles sofreram concussão durante a temporada e não estão liberados pela World Rugby, entidade máxima que rege o esporte, assim como a FIFA é para o futebol. “A World Rugby leva isso muito a sério. Existe protocolo específico para todo tipo de concussão. Pode ser o melhor jogador do mundo, não joga”, esclarece Antônio Martoni, que foi atleta e técnico da Seleção Brasileira. Hoje é comentarista de rugby dos canais ESPN, que transmitem a competição.

As regras são rígidas. Quando o atleta leva uma pancada leve, passa, no mínimo, 15 dias sem jogar e é submetido a vários exames até ser liberado novamente. Tanto cuidado não é à toa.

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“A concussão é uma lesão cerebral que gera uma desaceleração brusca. É um tipo de traumatismo craniano que se caracteriza por uma perda transitória da consciência. Na maioria absoluta dos casos, a recuperação é completa, ficando apenas um esquecimento para eventos que ocorreram momentos antes ou logo após a lesão, e sonolência. É consenso que não se deve voltar aos esportes no mesmo dia do ferimento, ainda que a pessoa não apresente sintomas físicos. Retomar os esportes muito cedo aumenta o risco de uma segunda concussão, o que pode ser fatal”, alerta a neurologista Aline Turbino.

Durante um jogo de rugby, o atleta que sofre qualquer pancada na cabeça é analisado por um médico da partida, e não dos clubes ou seleções. O juiz pode recorrer ao sistema de vídeo para conferir o lance e exigir que o atleta saia de campo se realmente foi atingido na cabeça. Os testes são feitos num período de 10 minutos, para só então sair a decisão se ele pode voltar ou não para o jogo.

Medidas parecidas estão sendo pleiteadas pela Confederação Brasileira de Futebol, com o apoio da Conmebol, como revelou o Lei em Campo em primeira mão. As entidades entregarão um pedido à Internacional Board, que cuida das regras do futebol, para tornar o esporte mais seguro para os atletas. Um levantamento mostra que trauma na cabeça é a segunda lesão mais frequente há três anos no Campeonato Brasileiro. O atual protocolo ainda é deficiente.

“As regras evoluem, e essa pode evoluir também. Quanto antes, melhor. Natural que esportes como rugby e futebol americano se preocupem mais e há mais tempo com a concussão. Gosto do protocolo, do médico independente. São boas medidas para começar a mudança no futebol”, avaliou Américo Espallargas, advogado especialista em direito esportivo.

Todas as entidades filiadas à FIFA podem sugerir mudanças, mas essa alteração não é automática. “Passa por uma série de processos, como ocorreu com a implementação do VAR. Primeiro é criado um grupo de estudos, depois se inicia o período de testes e, por fim, a implantação”, complementa Américo.

No rugby, o trabalho de combate e prevenção à concussão já é feito há alguns anos. Na última edição da Copa do Mundo, em 2015, não houve qualquer acidente do tipo. “Parte dos recursos da competição é investida em proteção e até na preparação de equipes tecnicamente mais fracas, para que estejam aptas ao alto nível do jogo e não sofram com pancadas”, explica Martoni. “É um case de sucesso. Tanto que as principais lesões por aposentadoria hoje são de ombro e joelho. É reflexo de um trabalho sério, de muitos anos”, completa.

A Copa do Mundo de Rugby vai até o dia 2 de novembro. As 20 seleções estão divididas em quatro grupos. Até o final do torneio, serão 48 jogos, todos com transmissões ao vivo entre 1h40 e 7h45 (horários de Brasília).

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