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Em meio a vetos da FIFA, Dinamarca encontra saída para protestar contra violações dos direitos humanos na Copa

A Copa do Mundo do Qatar está sendo marcada por diversos protestos. Com a proibição da FIFA em relação a utilização da braçadeira ‘One Love’, algumas seleções estão buscando outras formas de se manifestarem. A alternativa encontrada pela Dinamarca foi usar na partida de estreia contra a Tunísia, na terça-feira (22), uma camisa monocromática na cor vermelha “escondendo” o símbolo da Federação Dinamarquesa.

A mudança no escudo do uniforme visa “não estar visível durante o torneio que custou a vida de milhares de pessoas”, em protesto contra a escolha do Qatar como país-sede do Mundial.

“A federação dinamarquesa tem sido bastante crítica a tudo que cerca a Copa de 2022, mas, em especial, sobre os direitos dos trabalhadores na construção dos estádios. A camisa de treino dinamarquesa com a mensagem ‘direitos humanos para todos’ foi vetada pela FIFA. Os uniformes de jogo são monocromáticos, sem qualquer realce a fornecedora Hummel ou ao símbolo da Federação, propositalmente, de forma idealizada a não dar destaque a ambos em protesto pelo desrespeito aos Direitos Humanos no Qatar. Esse tipo de ação é importantíssima, já que o layout (contraste/disposição e escolha de cores) dos uniformes é algo que a FIFA não pode interferir (apenas a disposição e tamanho dos escudos e marcas dos fornecedores)”, afirma Igor Serrano, advogado especialista em direito desportivo.

Na parte jurídica, é importante explicar que a Federação Dinamarquesa fez um acordo com a patrocinadora de materiais esportivos, a Hummel, evitando assim qualquer tipo de problema contratual por modificações no uniforme.

“Me parece que o protesto, embora ‘tímido’, gerou resultados, porque está dando o que falar. A ‘timidez’ é compreensível porque, considerando o histórico de pouca tolerância tanto do país sede quanto da FIFA com manifestações dessa natureza, elas devem ser feitas com os devidos cuidados (vide ameaça de punição com cartão amarelo aos capitães que usassem a braçadeira da campanha ‘One Love). Estando a seleção devidamente identificada pela bandeira (solução encontrada diante do escudo na cor da camisa) e número/nome dos jogadores, não há afronta a qualquer norma da FIFA pela Federação Dinamarquesa. No mesmo sentido, a Hummel (fornecedora) pode escolher dar destaque maior ou menor à sua marca. Com certeza, atingiu seu objetivo e, pelo menos até o momento, sem arriscar punições”, explica Pedro Cirne Lima, advogado especializado em direito desportivo.

O lançamento do uniforme da Dinamarca aconteceu em setembro. Na ocasião, a Hummel explicou a ação.

“Com as novas camisas da seleção dinamarquesa queríamos enviar uma dupla mensagem. Não só são inspiradas pelo Euro 92, prestando homenagem ao maior sucesso do futebol dinamarquês, mas também um protesto contra o Qatar e o seu histórico em matéria de direitos humanos. É por isso que afinamos todos os detalhes das novas camisas da Dinamarca para a Copa do Mundo, incluindo o nosso logotipo. Não queremos ser visíveis durante um torneio que já custou a vida a milhares de pessoas. Apoiamos a seleção dinamarquesa até ao fim, mas não apoiamos o Qatar como sede do Mundial. Acreditamos que o desporto deve unir as pessoas. E quando tal não acontece, queremos marcar uma posição”, explicou a patrocinadora.

Denúncias de violações dos direitos humanos

O Qatar vem sendo alvo de denúncias relacionadas a violação dos direitos humanos, como no caso dos trabalhadores migrantes que trabalharam nas obras da Copa do Mundo.

Segundo um relatório do jornal britânico ‘The Guardian’, cerca de 6,5 mil trabalhadores migrantes morreram no Qatar, sendo esse o maior número de mortes já registrados na preparação para uma Copa do Mundo. O tabloide cita ainda que o país do Oriente Médio teria rejeitado os pedidos para indenizar os trabalhadores mortos ou feridos nas obras.

A Anistia Internacional, organização não governamental em defesa dos direitos humanos, alega que há evidências da falta de proteção aos trabalhadores imigrantes durante os anos de preparação da Copa do Mundo no Qatar. O país foi escolhido pela FIFA como sede do Mundial deste ano em 2010. Visando preparar Doha para receber o evento, o governo catari investiu US$ 220 bilhões na construção de estádios e infraestrutura. Essas obras atrairam centenas de milhares de trabalhadores migrantes, vindos especialmente de regiões pobres de países asiáticos como Nepal, Índia, Bangladesh e Paquistão.

Recentemente, a organização solicitou ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, a atribuição de uma compensação financeira aos migrantes que trabalharam nas obras dos estádios para o Mundial. A “indenização” seria uma forma de reparar, em partes, os abusos sofridos por eles.

Além disso, o país também é alvo de inúmeras críticas pela postura em relação aos direitos das mulheres e da comunidade LGBT. O Código Penal do Qatar, por exemplo, considera crime a homossexualidade.

Crédito imagem: Reuters

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