A agência Tasnim News Agency, afiliada ao governo iraniano, informou que o advogado da Federação Iraniana de Futebol pedirá à FIFA a eliminação dos Estados Unidos da Copa do Mundo do Qatar deste ano. O motivo é de que a seleção norte-americana teria desrespeitado a bandeira do Irã em uma postagem nas redes sociais.
De acordo com a agência, a entidade pretende ingressar com uma queixa no Comitê de Ética da FIFA contra os norte-americanos por terem alterado a bandeira em mostra de apoio ao direito das mulheres no Irã.
“Tudo isto ocorre por conta dos problemas gerados pela insistência da FIFA em promover a Copa do Mundo no Qatar. E este não é o primeiro episódio. Conciliar compromissos comerciais e viabilizar o evento não tem sido tarefa fácil diante de questões envolvendo direitos humanos e a cultura local. De fato, a entidade poderia enquadrar os EUA em infração ao seu Código de Ética (e às próprias leis internacionais), o que poderia justificar eventual punição. Mas como a FIFA parece fragilizada e na ‘corda bamba’ para promover o evento sem ‘maiores arranhões’ e os EUA já afirmaram que a postagem foi pontual para protestar em prol das mulheres iranianas e que, dali em diante, o símbolo, seria utilizado da maneira correta, me parece que a FIFA, até para não jogar ainda mais holofotes na celeuma, tende a aplicar apenas uma advertência aos EUA neste primeiro momento, ficando eventuais punições mais severas reservadas para caso de futura reincidência”, avalia o advogado Carlos Henrique Ramos, especialista em direito desportivo.
“É um tema delicado por conta de um histórico de conflito geopolítico, ou seja, fora do cenário desportivo, entre Estados Unidos e Irã. De acordo com o artigo 1º do Código de Ética da FIFA, as questões fora de campo devem ser analisadas à luz do Código de Ética, questões que tragam prejuízos à integridade e reputação do futebol, como comportamento ilegal, imoral ou antiético. O Comitê de Ética da entidade deve ter em conta todos os fatores relevantes do caso, a natureza da infração, o motivo, circunstância, grau de culpabilidade e responsabilidade do infrator. Entretanto, em que pese haja suspensão de partidas no rol de sanções do Código de Ética, por uma interpretação sistemática das normas do código, uma condenação da seleção dos Estados Unidos con suspensão de partida seria desproporcional. Ainda que pudesse ser condenada, a seleção norte-americana não teria nenhuma suspensão de partida, muito menos a exclusão da Copa do Mundo”, explica Luiz Marcondes, advogado especializado em direito desportivo.
No Twitter, a conta oficial dos Estados Unidos postou uma imagem do Grupo B da Copa do Mundo, porém removeu o emblema da República Islâmica no centro da bandeira iraniana. Segundo a agência, a Federação Iraniana entende que essa mudança no emblema fere as regras da FIFA.
“Respeitar a bandeira nacional é uma prática aceita internacionalmente e que todas as nações devem estimular. A ação conduzida em relação à bandeira iraniana é antiética e contra a lei internacional”, disse o advogado da entidade, Safia Allah Faghanpour, em entrevista ao Tasnim News Agency.
O diário inglês ‘Daily Mirror’ informou que a seleção americana afirma que ação aconteceu em “apoio às mulheres no Irã lutando por direitos humanos básicos”. Eles acrescentaram que foi uma postagem única e retomariam o símbolo dali em diante.
As duas seleções se enfrentarão na próxima rodada do Grupo B, na terça-feira (29), às 16h (de Brasília). Os iranianos estão com três pontos, enquanto os norte-americanos têm dois.
Crédito imagem: Getty Images
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