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Entenda quais punições Atlético de Madrid pode sofrer por cânticos racistas de torcedores contra Vini Jr.

Cenas dos arredores do Civitas Metropolitano, estádio do Atlético de Madrid, repercutiram negativamente neste domingo (18). Horas antes do clássico entre o time da casa e o Real Madrid, um grupo de torcedores colchoneros entoaram cânticos racistas contra o atacante brasileiro Vinicius Junior. Tudo foi gravado e compartilhado nas redes sociais, e agora o clube corre risco de sofrer punições.

“O racismo e a xenofobia são problemas globais e, evidentemente, atingem em cheio o mundo do futebol, onde gritar e cantar insultos de todo tipo contra jogadores e torcedores rivais sempre pareceu algo normal e aceitável. Nas últimas décadas, entes governamentais e de administração do esporte tentam endereçar o problema e punir os intolerantes, mas cada um à sua maneira”, afirma Marcel Belfiore, advogado especializado em direito desportivo.

“O Atlético, como entidade de prática desportiva organizadora do evento, é responsável pelo o que ocorreu no estádio, segundo o Código Disciplinar, salvo exceções, ainda mais se comprovada a não adoção de medidas de prevenção e combate aos atos de infração à normativa. Nesse sentido, o clube pode ser sancionado na esfera desportiva, bem como na esfera administrativa, através da Lei 19/2007, contra a violência, racismo, xenofobia e intolerância no esporte. Se identificados individualmente, os torcedores responderão na esfera administrativa, com amparo na mesma Lei, e até na esfera penal”, afirma João Paulo Di Carlo, advogado especializado em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.

“No caso específico dos cânticos racistas da torcida do Atlético de Madrid contra Vini Jr., entoados do lado de fora do estádio de futebol, as autoridades espanholas parecem estar inclinadas a agir com rigor, inclusive contra o clube. Informações dão conta de que algumas organizações apresentaram denúncias à Comissão Antiviolência, para que sejam tomadas medidas criminais contra diretores do clube (que podem culminar com sanções econômicas, e não esportivas), já que o Código Penal Espanhol ‘proíbe expressamente as manifestações que se celebrem com a finalidade de cometer um delito e sanciona os seus promotores ou diretores’”, conta Belfiore, que acrescenta:

“Por outro lado, espera-se também uma atitude contundente da LaLiga e da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) que podem aplicar sanções esportivas ao Atlético de Madrid, em que pese o fato de os cantos ofensivos terem ocorrido fora do estádio. A este respeito, vale citar o art. 71 do Código Disciplinar da RFEF, que prevê multas que variam de 18 mil a 90 mil euros a clubes, técnicos, jogadores, árbitros e dirigentes que promovam, organizem, dirijam, encubram ou defendam a incitação à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância. Resta saber se isso é suficiente para evitar que tristes atos como estes sigam se repetindo”.

No vídeo feito pela ‘Rádio Cadena Copa’, é possível perceber o coro racista: “É um macaco, Vinicius é um macaco”. Ele era entoado por um número considerável de torcedores do Atlético de Madrid. Em nenhum momento houve qualquer tipo de reação para interromper o coro discriminatório contra o brasileiro.

https://twitter.com/LeoJoseReporter/status/1571565460671307777?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1571565460671307777%7Ctwgr%5E326853b629428c4e17774efe66ac7e3fdfde7f8b%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fleiemcampo.com.br%2Flaliga-vai-denunciar-cantos-racistas-de-torcedores-do-atletico-de-madrid-contra-vini-jr-do-real-madrid%2F

A polêmica antes do clássico teve início a partir de discussões na imprensa espanhola a respeito da postura de Vinicius Junior em campo, principalmente por seu lado provocador e forma como comemora seus gols.

A discussão ganhou uma repercussão ainda maior depois que o capitão do Atlético de Madrid, o volante Koke, disse que “haveria confusão” se Vinicius Junior dançasse em algum momento do clássico.

Na quinta-feira (15), durante o programa esportivo El Chiringuito, o empresário Pedro Bravo fez comentários racistas para condenar as dancinhas do brasileiro em seus gols. Ele disse que o atacante precisava “dejar de hacer el mono”, que em português significa “deixar de fazer macaquice”.

A declaração do agente provocou uma onda de solidariedade ao atacante, que depois foi às redes sociais se manifestar. Vinicius Junior usou o triste episódio para lembrar que vem sofrendo preconceito desde a sua chegada ao Real Madrid.

“Há semanas, começaram a criminalizar minhas danças. Danças que não são minhas. São do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Pogba, do Matheus Cunha, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros. Dos cantores latinos de reggaeton e dos pretos americanos. São danças para celebrar a diversidade cultural do mundo. Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar. Não costumo vir publicamente rebater crítica. Sou atacado e não falo, sou elogiado e também não falo. Eu trabalho, e muito. Dentro e fora de campo”, disse Vinicius Junior em sua publicação.

Dentro de campo, o Real Madrid derrotou o Atlético de Madrid por 2 a 1. O destaque ficou com o gol de Rodrygo, que comemorou o gol logo no início da partida ‘bailando’ com Vinicius Junior.

Crédito imagem: Reprodução

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