Search
Close this search box.

Erros de gestão levam São Paulo ao pior resultado financeiro da história

Faltando três meses para a eleição que vai definir o sucessor de Carlos Augusto de Barros e Silva como presidente do São Paulo, o Conselho Deliberativo do clube aprovou um déficit de R$ 156 milhões nas contas de 2019.

Na semana passada, os conselheiros, entre eles os candidatos a presidente Júlio Casares, da situação, que votou por aprovar as contas, e o candidato da oposição Roberto Natel, que rejeitou os números.

“O fato de as contas terem sido aprovadas pouco muda, é o pior resultado da história do São Paulo. Fez a aposta no ano passado elevando brutalmente a folha de pagamento, apostando num aumento de receita por conta de eventuais resultados positivos que viriam no futebol”, analisa o consultor Fernando Ferreira.

Apesar das dificuldades dos anos anteriores, o São Paulo vinha numa recuperação, tanto que ficou acima do equilíbrio entre 2016 e 2018. “Mas o efeito da gestão mão aberta de 2019 colocaram o clube numa situação bastante delicada”, pontua o economista César Grafietti. As contratações de Hernanes, Alexandre Pato e Daniel Alves simbolizam o desvio de rota que fez o São Paulo sair de um superávit de R$ 7 milhões para o déficit de R$ 156 milhões.

Só com Alexandre Pato, que teve seu contrato rescindido recentemente, o São Paulo gastou R$ 1,7 milhão de abril a dezembro do ano passado. Neste ano, seriam mais R$ 8,4 milhões. Com o encerramento do vínculo, estima-se que Pato deveria ter recebido em 2020 R$ 4,9 milhões. O São Paulo calcula ter economizado apenas em salários R$ 17 milhões com a saída de Pato. Além dele, o São Paulo encerrou o contrato com o zagueiro Anderson Martins e trocou Everton com o Grêmio, ficando com Luciano.

“Além disso, o clube tem dificuldade em vender sua marca. As receitas de publicidade são pífias, e o Morumbi e o programa de sócio-torcedor fazem pouca receita em relação a outros clubes”, critica Grafietti.

As receitas de TV também tiveram desempenhos inferiores aos orçados por causa das quedas nos torneios. Eram projetados R$ 118 milhões e foram atingidos R$ 65 milhões, segundo relatório da diretoria. Muito por conta da eliminação precoce da Libertadores e da Copa do Brasil. Por isso mesmo, o São Paulo precisou aprovar cerca de R$ 37 milhões em empréstimos bancários em 2019.

“Nem todas as dívidas são ruins. Há aquelas que servem ao investimento em formação de patrimônio, ou as que financiam aquisições de atletas. O problema é quando a dívida serve a cobrir buracos eternos de má gestão ou tem perfil de vencimento que sufoca o fluxo de caixa do clube”, explica Grafietti.

Análise financeira feita pelo banco Itaú BBA informa que além do aumento das despesas, na casa de 30%, houve queda nas receitas e o potencial publicitário do clube não é explorado em sua totalidade.

A pandemia prejudicou ainda mais as finanças do São Paulo, que cortou o salário dos jogadores em 50% de forma unilateral. Assim, a análise do banco compara o clube do Morumbi a uma tecnologia ultrapassada.

“Sem paciência, planejamento, gastos controlados e eficientes, tecnologia, inovação, o São Paulo seguirá se achando na vanguarda, operando uma calculadora Facit (um modelo ultrapassado de máquina para calcular) enquanto os adversários já usam inteligência artificial. O São Paulo precisa deixar o passado e entender que o futuro é hoje”, destacou o estudo.

“No final,  a venda de atletas acaba sendo usada para fechar a conta do ano, quando deveria servir para alavancar investimentos”, finaliza Grafietti.

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo

Compartilhe

Você pode gostar

Assine nossa newsletter

Toda sexta você receberá no seu e-mail os destaques da semana e as novidades do mundo do direito esportivo.