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Escola de futebol: Uma prospecção de negócios

O mercado global está cada vez mais competitivo e os clubes buscam constantemente maneiras de se aproximar de seus torcedores (público-alvo) de forma autêntica e impactante, criar formas de receita, fortalecer suas marcas e garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Uma das táticas que pode ser adotada por alguns clubes é o licenciamento ou franquias da Escola de Futebol, tal processo contribui para a extensão da marca, criação de produtos ou experiências que cativam os fãs e, a longo prazo, consumidores da marca.

Este artigo é o primeiro de uma série que examinará a importância das escolas de futebol como um componente estratégico e lucrativo para os clubes. Serão analisados o fortalecimento da marca, a prospecção de novos clientes e o potencial de geração de receitas.

Imprescindível destacar que muitos clubes, tanto no Brasil quanto no exterior, já utilizam as escolas de futebol para desempenhar diversos papéis estratégicos. Esses papéis variam desde funções de marketing e negócios, fortalecendo a marca e gerando receitas, até a formação de atletas por meio de convênios, embora essa função seja menos comum. Além disso, muitas escolas de futebol incorporam um componente voltado para o trabalho social, promovendo a inclusão e o desenvolvimento comunitário.

A expansão da marca é uma meta cada vez mais comum, entre clubes nacionais e internacionais impulsionada pelo desejo de alcançar novos públicos e ampliar as oportunidades de negócios. No entanto, é importante compreender que esse processo requer investimentos significativos em tempo, planejamento e comunicação, independentemente da existência de parcerias. Não basta conceder a marca de seu clube ou de sua escola própria por tempo limitado em troca de royalties (remuneração sobre direito de propriedade), e abrir uma “escolinha”.

Primeiro passo, a entidade esportiva deve escolher o modelo de negócio para operacionalização da Escola Oficial de Futebol, sim ESCOLA! O termo “escolinha” caiu em desuso há muitos anos, pois deprecia o serviço prestado. Este termo era comumente utilizado nas décadas de 1980 e 1990, quando a atividade, bem como muitos clubes, era gerida de forma amadora.

Os clubes não davam importância para aquele “produto” e os benefícios que poderiam ser agregados a ele. No contexto atual, a utilização de termos como Academia ou Escola de Futebol não apenas sinaliza profissionalismo, mas também acrescenta valor significativo ao serviço oferecido. No entanto, mudar a nomenclatura por si só não é suficiente. É crucial integrar elementos fundamentais, como definição de metas, organização de processos, planejamento estratégico, análise de custos, gestão de compras e vendas, controle de pagamentos e recebimentos, além da administração de contratações e demissões.

Esses aspectos são essenciais para criar um ambiente que realmente promova o profissionalismo. Compreendida a importância da terminologia, torna-se imprescindível discutir a escolha do modelo de negócio adequado.

Normalmente, para expansão, os clubes podem adotar um dentre os dois seguintes modelos Academia/Escolas de Futebol Fraquear ou licenciar.

Franquia

O franqueador (Associação esportiva / Clube) concede ao franqueado o direito de usar sua marca, sistema operacional, know-how e suporte contínuo em troca de taxas iniciais, royalties e taxas de suporte.

  • Controle Operacional: o franqueador mantém um controle mais rígido sobre o modelo de operação das escolas, incluindo diretrizes para procedimentos operacionais, treinamentos de funcionários e padrões de qualidade.
  • Suporte Contínuo: o franqueador oferece um suporte contínuo ao franqueado em várias áreas, como treinamento, marketing, gestão financeira e fornecimento de materiais.

Licenciamento

O licenciador concede ao licenciado o direito de usar sua marca, patente, tecnologia ou propriedade intelectual em troca de taxas de licenciamento.

  • Maior Autonomia: o licenciado tem mais liberdade para operar o negócio com suas próprias práticas e estratégias, dentro dos limites estabelecidos pelo licenciador.
  • Menos Controle Direto: o licenciador fornece diretrizes gerais e padrões de qualidade, mas não mantém o nível de controle operacional do licenciado.

Em ambas as situações mencionadas, a associação esportiva cobra uma taxa de royalty sobre o faturamento das escolas e exige um mínimo garantido do licenciado ou franqueado. Os principais atores do mercado geralmente cobram cerca de 15% de royalties sobre o faturamento bruto das academias, além de uma garantia mínima de aproximadamente R$ 1.115,00.

É crucial destacar que existem outras fontes de receita associadas às escolas de futebol, como cobrança de matrícula, a venda de uniformes e eventos que exigem pagamento de inscrições, como torneios, copas e festivais. Em alguns casos, se o licenciado ou franqueado revelar um talento, este pode receber uma bonificação estabelecida em contrato. Um exemplo notável é o atleta Vinicius José Paixão de Oliveira Junior, conhecido como Vini Jr., que foi descoberto por uma unidade da Escola Oficial do Flamengo, localizada próxima à sua residência, no bairro do Mutuá, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Independente do modelo de negócio, é imperativo destacar a importância do método de ensino elaborado junto à equipe multidisciplinar da divisão de base do Clube, estabelecido e validado nas categorias no nível de rendimento e na escola de futebol do Clube, no nível participativo. Alguns pontos devem ser levados em consideração para um bom desenvolvimento da iniciação esportiva, em um ambiente saudável, visando o pleno desenvolvimento de seus alunos, são eles:

  • As necessidades dos iniciantes no esporte devem ser atendidas com respeito e atenção por pais e professores;
  • É essencial prestar muita atenção aos aspectos relacionados à autoestima de crianças e jovens;
  • O professor deve compreender o esporte, primeiramente, como um instrumento formativo;
  • O professor deve conhecer as fases de desenvolvimento da criança e do adolescente para adaptar as atividades de acordo com a faixa etária;
  • O professor deve priorizar a ampliação do repertório motor e considerar as questões emocionais dos alunos, focando em uma aprendizagem contínua e progressiva, em vez de buscar resultados imediatos.

O método de ensino deve ofertar aos alunos a maior diversidade de atividades físicas/esportivas, para assim ampliar o repertório motor e, consequentemente, desenvolver as habilidades fundamentais do movimento. Evitar a especialização precoce, pois isso contribui diretamente para o abandono da prática esportiva.

A escola deve recepcionar o desenvolvimento de soft skills, o que favorece a formação cidadã, e por se caracterizar de algo de relativa fácil percepção, tende a fidelizar o cliente externo pelo reconhecimento de diferencial inerente à formação ampla.

Relevante é salientar que os clientes (pais e responsáveis) valorizam a qualidade do serviço, logo alinhar as expectativas é muito importante. Ao priorizar a satisfação do consumidor e estabelecer conexões genuínas, as marcas podem colher frutos tanto financeiros quanto de relacionamento ao expandirem suas operações por meio do licenciamento.

Concluindo, as Escolas de Futebol representam um mecanismo para os clubes que buscam ampliar sua presença no mercado, fortalecer a marca e gerar novas receitas. A escolha entre modelos de franquia e licenciamento deve ser cuidadosamente avaliada, considerando o nível de controle desejado e os recursos disponíveis. Independentemente do modelo adotado, é importante que o método de ensino seja desenvolvido e validado por uma equipe multidisciplinar, garantindo um ambiente saudável e enriquecedor para os jovens atletas.

A atenção às necessidades emocionais e físicas dos alunos, bem como a valorização da formação cidadã através do desenvolvimento de Soft skills, são elementos que diferenciam a Escola de Futebol. Além disso, evitar a especialização precoce e focar na ampliação do repertório motor, os clubes podem promover um desenvolvimento mais completo e duradouro dos talentos, que porventura poderão ser captados.

Alinhando as expectativas dos clientes e priorizando a satisfação dos consumidores, os clubes não só reforçam sua imagem, mas também garantem um relacionamento duradouro e frutífero com seus consumidores atuais e futuros. Assim, ao integrar essas práticas e princípios, as escolas de futebol não apenas contribuem para a formação de novos talentos, mas também solidificam a marca e a sustentabilidade dos clubes no cenário esportivo global.

Texto de Diogo Brito, aluno FootHub

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