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Especialistas classificam como “retrocesso” decisão do Pleno do STJD em caso de racismo contra Celsinho, do Londrina

Em julgamento que durou mais de quatro horas e foi realizado nesta quinta-feira (18), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) aceitou parcialmente o recurso do Brusque a respeito do caso de racismo por parte de um dirigente contra Celsinho, do Londrina, e devolveu ao clube os três pontos na tabela da Série B do Brasileirão. A decisão dos auditores foi de 6 votos a 2.

Para especialistas, a decisão representa um verdadeiro retrocesso e uma derrota no combate ao racismo dentro do esporte, em especial, o futebol.

“A decisão do STJD configura um grande retrocesso na luta contra o racismo. A prática desportiva deveria ser um meio de desenvolvimento da sociedade, erradicação de preconceitos e efetivação de direitos humanos, como preconiza a Constituição Federal, porém com essa decisão, o esporte, em especial o futebol, perde a oportunidade de fazer a diferença em uma sociedade preconceituosa”, avalia Alberto Goldenstein, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.

“O resultado tem um gosto amargo de derrota para quem luta contra o racismo e acredita que o futebol pode ser uma importante ferramenta contra o preconceito, ainda mais em uma semana tão simbólica para o movimento negro, já que comemoramos no próximo sábado (20), o Dia da Consciência Negra. É bem triste. A perda de três pontos já não era uma punição suficiente, agora então…”, afirma Marcelo Carvalho, diretor do projeto Observatório Racial de Futebol.

O presidente da sessão, José Perdiz, determinou ao Brusque o pagamento de uma multa de R$ 60 mil e a perda de um mando de campo, que terá que ser cumprido em campeonato nacional. Já para o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Antônio Petermann, identificado como autor das ofensas raciais, o tribunal decidiu manter a punição aplicada pela comissão disciplinar: suspensão por 360 dias e multa de R$ 30 mil.

Após o resultado, o meia Celsinho, que participou do julgamento, lamentou a decisão do tribunal.

“O STJD tinha uma grande oportunidade de mudar tudo. De fazer algo bem positivo. Ficar bem visto por todos e acabou dando um tiro no próprio pé. Ao invés de evoluir, eles retrocederam. Muito vergonhoso. Que grande decepção”, declarou ao GE.

Como o julgamento do recurso foi realizado pelo Pleno do STJD, a decisão é definitiva e não pode mais ser contestada.

Entenda o caso

Durante a partida entre Brusque e Londrina, válida pela Série B do Brasileirão, no dia 28 de agosto, Celsinho disse que foi chamado de “macaco” por uma pessoa que estava na arquibancada, que caso era Júlio Antônio Petermann, presidente do Conselho Deliberativo do clube catarinense. Na súmula da partida, o árbitro Fábio Augusto dos Santos Sá relatou que o jogador ouviu a seguinte a frase: “vai cortar esse cabelo, seu cachopa de abelha”.

Horas após o ocorrido, o Londrina divulgou um vídeo em suas redes sociais onde é possível ouvir um grupo de “macaco”. O Brusque também se manifestou, dizendo em um primeiro momento que Celsinho estava sendo “oportunista” ao denunciar a situação.

No STJD, o Brusque e o dirigente foram denunciados no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e responderam por “ato discriminatório”, em julgamento que foi realizado no dia 24 de setembro.

O clube foi punido com a perda de três pontos, além de multa de R$ 60 mil. Enquanto isso, Petermann foi suspenso por 360 dias e multado em R$ 30 mil.

Com a devolução dos pontos, o Londrina praticamente se livrou de qualquer chance de rebaixamento para a Série C, uma vez que passou para os 44 pontos e subiu para a 14ª colocação.

Crédito imagem: Reprodução/STJD

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