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Esporte eletrônico e responsabilidade social

O primeiro eSport Legal de 2021 será responsável por analisar a responsabilidade social daqueles que compõe o mercado do esporte eletrônico.

O ano de 2020 foi repleto de discussões sociais no meio do esporte – tanto eletrônico, quanto analógico. Alguns temas como racismo, machismo e estupro estiveram no topo dos assuntos mais comentados.

O ano foi encerrado com a controvérsia envolvendo o novo canal da TV aberta, Loading, que supostamente censurou jornalistas com pautas progressistas, gerando então o pedido de demissão de toda equipe recém-contratada de jornalismo.

E 2021 não deve ser diferente, são os novos tempos não tolerando aquilo que se tolerava de forma velada. Inclusive o mercado do esporte eletrônico nacional foi surpreendido com a onda de relatos de abusos e assédios sexuais realizados por jogadores, técnicos e outras personalidades do esporte eletrônico, que levaram a demissões.

Caso do canal Loading e a equipe de jornalistas censurada

O final de 2020 foi estranho. Aos poucos jornalistas, apresentadores e influenciadores anunciavam o seu desligamento da empresa onde até então trabalhavam e o desligamento era seguido das palavras “novidades em breve”, comumente utilizada no meio esportivo eletrônico para quando há uma contratação a ser revelada.

A “dança das cadeiras” do backstage intrigou o público gamer por um tempo, até que foi anunciada a abertura de um canal na TV aberta com temas da cultura geek/pop em sua programação, como games, eSports, animes e kpop. Inicialmente o canal foi muito bem recebida pela comunidade do esporte eletrônico.

A boa recepção veio principalmente porque estavam participando do projeto da TV profissionais conhecidos e que passavam uma credibilidade impressionante, como por exemplo:

Quando se fala de cobertura completa de diversas modalidades, pensa-se automaticamente na Barbara Gutierrez (@bahgutierrez), que até então era redatora chefe na Millenium, portal de notícias de games/eSports da webedia, a jornalista também é uma das figuras femininas mais importantes do meio, responsável por diversas reportagens com a mulher nos eSports em pauta.

Quando se fala em jornalismo investigativo, não há como não pensar no Gabriel Oliveira (@gaboliveira_jor), responsável por apresentar exclusivas de abusos de atletas por parte dos clubes e trazendo à luz toda a história de processos judiciais do meio do esporte eletrônico em primeira mão. Até então era redator no Start, página da Uol dedicada para games e eSports.

Quando se pensa em profissionalismo no jornalismo esportivo eletrônico, Chandy Teixeira (@chandy_teixeira) é com certeza um dos responsáveis. Com perfil progressista e ético, Chandy sempre questionou não apenas o que estava errado no eSport, mas também aquilo que estava errado no jornalismo do meio. Até então Chandy era a referência em eSports na Globo.

A ideia por trás de traçar o perfil desses três profissionais é de que a Loading não pode alegar, de forma alguma, que não esperava de sua equipe de jornalistas não iriam perseguir pautas sociais. Mas a equipe era muito mais extensa, contando com outros jornalistas tão talentosos e socialmente engajados como esses três.

Após quatro dias no ar, toda a equipe de jornalismo anunciou pelo twitter a saída do canal, alguns alegando desalinhamento editorial e outros postando receitas de bolo, dando a entender que haviam sido alvos de censura (durante a ditadura militar, os jornalistas publicavam receitas de bolo no lugar de seus artigos censurados).

Além da equipe de jornalismo, boa parte dos outros profissionais contratados pela emissora para a área de games também se demitiu, como narradores, comentaristas e apresentadores das competições que a TV promove.

A emissora emitiu a seguinte nota:

O termo “agenda positiva” foi largamente ironizada por usuários do twitter, principalmente por ter sido levantada a informação de que a suposta censura tenha sido motivada por interesses de um dos parceiros do canal, que seria prejudicada caso a pauta construída pelos jornalistas fosse ao ar.

O único fato que é possível alegar com certeza é que a credibilidade – e popularidade – do canal levou um duro golpe logo na sua primeira semana de existência.

Provavelmente ainda comentaremos os próximos capítulos dessa história aqui no eSport Legal.

Abusos, assédios e estupros

Quando o caso de estupro envolvendo o jogador de futebol Robinho estava em voga, foi comentado aqui no eSport Legal (https://leiemcampo.com.br/caso-robinho-e-o-valor-da-imagem-nos-jogos-eletronicos/) casos semelhantes que aconteceram no meio do eSport e quais seus impactos na imagem daqueles que estivessem envolvidos, direta ou indiretamente, com a controvérsia.

Logo na primeira semana de 2021 houve uma onda de relatos de abusos cometidos por personalidades do esporte eletrônico brasileiro. Tudo começou quando Daniela Li tweetou (https://twitter.com/heartdan/status/1346307462278877185) sobre os abusos que sofreu em seu relacionamento com Gabriel “MiT” Souza, ex-treinador de importantes times de League of Legends, como a Pain e o Flamengo e que atuava naquele momento como comentarista da maior competição de eSports no Brasil, o CBLOL.

Seguida de Daniela Li, diversas outras mulheres relataram terem sofrido formas de abuso pela mesma pessoa. MiT foi desligado da Riot Games e não está mais no quadro de comentaristas da competição. Ele também se pronunciou em seu twitter, emitindo a seguinte nota: https://www.twitlonger.com/show/n_1srhnqi

Mas não parou por aí. Outras mulheres, inspiradas na coragem e iniciativa de Daniela, também começaram a relatar os abusos realizados por diversas figuras do esporte eletrônico no Brasil. A millenium.gg fez uma cobertura (https://br.millenium.gg/amp/noticias/4998.html) completa do ocorrido, e tem razão em afirmar que o dia 5 de janeiro de 2021 é um dia que marcará o esporte eletrônico brasileiro.

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