Amir Nasr-Azadani, jogador profissional de futebol iraniano, foi acusado de “traição à República Islâmica do Irã” e condenado à morte após sua participação em manifestações a favor das mulheres do país e que questionava a morte de Mahsa Amini. Segundo Abdullah Jafari, chefe da Autoridade Judiciária de Isfahã, uma cidade localizada no centro-oeste do Irã, o zagueiro provocou uma manifestação na qual três agentes de segurança foram mortos. O caso está chamando a atenção do mundo e o esporte mais do que nunca precisa exercer o seu papel.
“O esporte pode mudar esse cenário protestando! Fazer disso uma campanha constante e intensa, além de exigir a liberação do jogador. Os movimentos de mulheres no mundo devem se unir para publicizar esse absurdo. O esporte pode ser um importante instrumento de conscientização e de divulgação”, afirma Mônica Sapucaia, advogada especializada em direitos humanos.
“Os direitos humanos são inafastáveis ao esporte. Compromisso reforçado pela Carta Olímpica e pelo Estatuto da FIFA. Em casos como esse, eles têm o dever de se posicionar exercendo mecanismos de pressão, como a suspensão das federações nacionais do movimento esportivo. Foi o que se viu no caso da Guerra da Rússia e com a África do Sul no Apartheid, como exemplos”, ressalta Andrei Kampff, jornalista e advogado especializado em direito desportivo.
O jogador está entre os nove acusados da morte dos oficias na manifestação, que aconteceu no dia 25 de novembro. Azadani, de 26 anos, foi detido dois dias após o protesto. Ele também é acusado de participar de um “grupo armado e organizado que tem a intenção de atacar a República Islâmica do Irã”.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira (12), o sindicato dos jogadores profissionais de futebol (FIFPro) se disse “chocado” com as notícias que circulam envolvendo o futebolista.
“A FIFPRO está chocada e enojada com os relatos de que o jogador de futebol profissional Amir Nasr-Azadani enfrenta a execução no Irã depois de fazer campanha pelos direitos das mulheres e liberdade básica em seu país. Somos solidários com Amir e pedimos a remoção imediata de sua punição”, diz o comunicado.
O Irã enfrenta uma onda de protestos em todo o país que foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia policial em setembro. A jovem teria sido detida pela polícia por supostamente violar as estritas regras sobre o uso do véu islâmico. O momento atual é considerado o mais complicado para os líderes atuais desde a Revolução Islâmica de 1979.
De acordo com um balanço da ONG Iran Human Rights (IHR), pelo menos 458 pessoas morreram na repressão às manifestações. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 14 mil pessoas foram detidas.
Durante a Copa do Mundo do Qatar, jogadores e torcedores do Irã protestaram contra o governo do país. Na partida contra País de Gales, em 25 de novembro, uma torcedora com o rosto maquiado com lágrimas de sangue nas cores da bandeira iraniana segurou uma camisa com o nome de Mahsa Amini. Ao lado dela, um homem erguia uma bandeira do país com os dizeres “liberdade para a vida das mulheres” no lugar do símbolo.
Antes da estreia do Irã na Copa, jogadores da seleção se manifestaram durante a execução do hino nacional. Os atletas ficaram em silêncio no Estádio Al Khalifa, em uma mostra de apoio aos protestos contra o governo. Liderados pelo capitão Alireza Jahanbakhsh, os iranianos permaneceram de pé e não cantaram durante a execução do hino antes do jogo.
Azadani defende a camisa do Iranjavan FC, do Irã. O zagueiro, que se profissionalizou em 2015 no futebol, já vestiu a camisa de outros três clubes do país.
Crédito imagem: Reprodução
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