Uma dica: um livro que toca na ferida do esporte: a democratização das entidades esportivas como caminho pra uma governança mais eficiente e legitima.
Dica é o livro Democratic Governance In Sports, lançado pela editora Dialética, do Fernando Barbalho. Fernando é mestre em Direito Público, com várias especializações em direito desportivo.
O livro é em inglês, mas de fácil leitura e com reflexões necessárias.
O esporte tem um privilégio necessário que é o da autonomia. Ou seja, liberdade de se autoregular sem a interferência do “vilão” Estado. A autonomia é pilar para sua independência na governança e gestão.
A capacidade de as federações esportivas se autorregularem é uma profissão de fé da governança do esporte mundial, até como medida de defesa contra tentativas de apropriação política das virtudes do ideário esportivo, especialmente por regimes autocráticos ou totalitários, como se viu, por exemplo, na “nazificação” da estética dos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, ou na utilização do esporte como peça de propaganda durante a Guerra Fria, na segunda metade do século XX.
Entretanto, a eventual hipocrisia do discurso de uma pretensa pureza de ideais defendida pela autonomia desportiva vem sendo escancarada por sucessivos episódios de abuso e corrupção de dirigentes do setor, nos mais diversos níveis, gerando reações governamentais no sentido de editar normas que permitam um maior grau de intervenção estatal no esporte.
Acontece, que essa autonomia tem sido usada para abusos que desencadearam escândalos diversos no esporte. Aí, Estado precisa agir.
O livro do Fernando Barbalho trata exatamente de algo fundamental: a necessidade de usar autorregulação para implementar pilares de governança e compliance que protejam o esporte e – como consequencia – a própria autonomia.
Vale muito.
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