No final de 2018, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou a criação de um Comitê Consultivo de Direitos Humanos para revisar e fortalecer seu trabalho nessa área tão valiosa para o Olimpismo.
Presidido pelo príncipe Zeid Ra’ad Al Hussein, antigo membro do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Comitê Consultivo vem apresentando à entidade relatórios parciais e recomendações quanto ao tema, com destaque para o trabalho denominado “Recommendations for an IOC Human Rights Strategy” apresentado em março de 2020 e que contém as mais recentes recomendações sobre o conteúdo central de um quadro estratégico a respeito dos direitos humanos idealizado dentro do contexto olímpico.
Desde o início do projeto, o Conselho Executivo do COI renova, a cada nova atualização do grupo de trabalho, seu compromisso em desenvolver uma estratégia abrangente e coesa com os valores do Movimento Olímpico.
Fato é que a entidade vem divulgando os avanços alcançados no que diz respeito ao cumprimento das suas responsabilidades no que diz respeito aos Direitos Humanos, com destaque para o aumento do seu alinhamento estratégico com a sustentabilidade e com a igualdade de gênero, assim como as medidas em prol da inclusão observada em seus processos de compras e contratações e na criação de uma unidade de direitos humanos na organização.
Segundo a entidade, os avanços são ainda mais visíveis quanto ao apoio dado pelo grupo aos comitês organizadores dos Jogos Olímpicos e os Jogos Olímpicos da Juventude, no que diz respeito ao desenvolvimento e a implementação de suas abordagens de Direitos Humanos. Como parte das reformas da Agenda Olímpica 2020, os padrões de Direitos Humanos já foram reforçados dentro do modelo de Contrato da Cidade Sede aplicado para os Jogos Olímpicos Paris 2024.
Como líder do Movimento Olímpico, a entidade pretende se fortalecer ainda como liderança inconteste e promotora dos Direitos Humanos, conduzindo os Comitês Olímpicos Nacionais e as Federações Internacionais a se reorganizarem dessa nova perspectiva.
Em seu compromisso com a inclusão, o COI noticia o fato de que vem trabalhando para garantir a justiça, a segurança e a não discriminação de atletas com base em identidade de gênero ou características sexuais e que está planejando avançar ainda mais em seu trabalho em favor do esporte seguro, de modo a implementar uma espécie de “Declaração dos Direitos e Responsabilidades dos Atletas”.
Não é de surpreender que o COI se proponha a liderar esse importante trabalho civilizatório, uma espécie de resgate da sua essência.
Tantos foram os casos históricos e noticiados de desrespeito à liberdade de imprensa nos Jogos Olímpicos, de ofensa às normas que garantem os direitos trabalhistas dentro da cadeia de suprimentos dos Comitês Organizadores, de tratamento desigual para competidores dos esportes olímpicos praticados por homens e por mulheres, sem falar nas medidas ofensivas aos Direitos Humanos perpetradas por Comitês Olímpicos Nacionais sem que haja a devida resposta da entidade que os lidera. É momento de colocar-se à prova e se reinventar.
Questões desafiadoras e grandes mudanças de mentalidade envolvem essa nova abordagem para a organização e para o movimento olímpico que lidera.
A temática dos Direitos Humanos está na própria essência do Humanismo e, assim, do Olimpismo. De modo que a guinada proposta envolve estar atento aos sinais que evidenciam que os problemas antigos merecem novas soluções.
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