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Estudo aponta que vítimas de concussão que fizeram repouso prolongado apresentaram recuperação mais lenta

Nos últimos anos, a concussão passou a ser um tema bastante discutido no esporte, em especial no futebol. Diante do aumento de número de casos, diversos estudos médicos começaram a ser feitos para investigar a fundo como essa lesão cerebral afeta cada atleta, método de recuperação e prevenção.

Um desses estudos foi finalizado recentemente pela ‘frontiers in Neurology’, que abordou cerca de 146 pacientes. Através dele, uma importante constatação: aqueles que fizeram repouso prolongado (mais de dois dias) apresentaram uma recuperação clínica mais lenta e levaram mais tempo (um a dois meses) para retornar as suas atividades.

“O descanso físico e cognitivo (evitar o uso de celular, computador, atividades escolares etc..) é um pilar importante no tratamento inicial da concussão cerebral. Ele é fundamental no primeiro momento pois a concussão induz um distúrbio neurometabólico, há uma alta demanda energética no cérebro e isso está associado aos sintomas agudos”, explica Hermano Pinheiro, fisioterapeuta esportivo PhD e estudioso na área de concussão no esporte.

Cada vez mais a Ciência aponta que o descanso de uma pessoa que sofreu concussão não deve ultrapassar dois dias. O estudo avaliou o tempo de recuperação clínica e retorno aos estudos e ao trabalho em indivíduos que sofreram concussão cerebral. Os pesquisadores observaram que aqueles que tiveram um repouso prolongado (superior a dois dias) apresentaram uma recuperação mais lenta. Esse estudo corrobora com outros já publicados.  Quanto mais tempo o cérebro ficar sem estimulação mais lenta será a recuperação por isso o repouso não deve ultrapassar 48hrs.

“Após esse período (mais de dois dias), o paciente já deve estar retornando às atividades cognitivas e físicas do seu dia a dia conforme a sua tolerância clínica (sem que os sintomas piorem ou surjam novamente) e principalmente sendo acompanhado por um fisioterapeuta especializado nesse tipo de lesão cerebral tendo em vista que o retorno gradativo ao exercício físico é parte importante do processo de recuperação pós-concussão independentemente do paciente ser atleta ou não. A concussão não ocorre somente em atletas, há muitos casos em crianças, vítimas de acidente de trânsito e de violência doméstica”, avalia Dr. Hermano.

Hermano Pinheiro destaca que o retorno tem que ser feito de forma segura e para isso “deve ser supervisionado por um médico e/ou fisioterapeuta especialista para que o paciente possa se recuperar o mais rápido possível”, uma vez que “cada concussão é única e os pacientes evoluem de forma diferente”.

“Sabemos hoje que a introdução precoce do exercício físico é peça importante no tratamento da concussão cerebral. Mas é extremamente importante salientar que esse exercício tem que ser supervisionado pois trata-se de um processo de reabilitação de um trauma cerebral. O paciente não deve realizar esse retorno ao exercício por conta própria pois sem a orientação e o acompanhamento adequados os sintomas podem piorar ou surgir novamente quando o exercício é realizado em uma intensidade não adequada àquele paciente”, completa o fisioterapeuta.

Ainda é preciso avançar bastante nas discussões sobre o tema dentro do esporte, mas a Fifa deu um ponta pé inicial. Em dezembro do ano passado, no dia 16, a entidade máxima do futebol aprovou, em conjunto com a International Football Association Board (IFAB), um protocolo experimental de concussão no futebol que permite substituição extra quando houver choques de cabeça em uma partida.

“Essa medida da FIFA é extremamente válida, mesmo que ainda insuficiente. Não é possível falar que haverá benefício esportivo nesses casos, e a preservação da saúde do atleta deveria ser a principal preocupação. Na NBA, por exemplo, a substituição não só é permitida como é obrigatória. Em casos de concussão há um processo rígido para que os atletas possam voltar a atuar”, destacou o advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo Vinicius Loureiro na época.

Já para Martinho Miranda, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo, o protocolo adotado pela Fifa é “bom do ponto de vista esportivo, mas não tem qualquer eficácia quanto a saúde dos atletas. É preciso que a FIFA estude a possibilidade de alterar a regra do jogo, para diminuir o número de casos. É um desafio, algo que precisa ser estudado com muito afinco”.

O protocolo prevê que em caso de uma concussão real ou suspeita, o jogador em questão deverá ser retirado da partida para proteger a sua saúde. A equipe não poderá sofrer desvantagem numérica e a substituição não será descontada do número que cada uma tem direito por jogo.

O principal objetivo da medida é:

– Evitar que um jogador sofra outra concussão durante a partida;

– Enviar uma mensagem de que, em caso de dúvida, o jogador é retirado, mas não há desvantagem numérica ou tática, priorizando o bem-estar do atleta; e

– Reduzir a pressão sobre a equipe médica em realizar uma avaliação rápida e muitas vezes incompleta.

A medida veio depois de um ano de consultas detalhadas com especialistas em concussão médica, médicos de equipes, representantes de jogadores, treinadores, organizadores de competições, arbitragem e especialistas na regra do jogo sobre o tema. O primeiro campeonato a adotar o protocolo experimental foi a Premier League.

Crédito imagem: Getty Images

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