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Estudo de consultoria aponta que 2021 foi o ano que marcou o início da retomada econômica dos clubes brasileiros

O futebol foi um dos esportes que mais sofreu com os efeitos da pandemia de Covid-19. Depois de um 2020 extremamente difícil, com perdas de receitas ultrapassando a casa de R$ 1 bilhão, 2021 foi o ano da retomada, com 20 clubes brasileiros recuperando patamares anteriores e atingindo o faturamento conjunto de quase R$ 7 bilhões, um crescimento de 47% (28% desconsiderando os efeitos da inflação). Esse levantamento faz parte do estudo anual realizado pela consultoria Sports Value, que foi divulgado recentemente.

Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo, destaca positivamente a movimentação dos clubes na tentativa de reduzir suas dívidas.

“O que mais me chamou a atenção ao analisar esse estudo foi que dessa vez o esforço do Flamengo, Palmeiras, Botafogo, Vasco, Corinthians e alguns outros para reduzir dívidas surtiu efeito. Atlético-GO, Fortaleza e Ceará são outros clubes que merecem grande destaque, eles estão bastante equilibrados”, detalha.

“O grande destaque são os clubes do Estado do Ceará. Eles acompanharam o desenvolvimento econômico daquele Estado. Fortaleza e Ceará são clubes bem administrados, preocupados com gestão, eficiência, conservadores nos investimentos e isso acaba refletindo em campo”, analisa Claudio Pracownik, CEO da empresa Win The Game e ex-vice-presidente de finanças do Flamengo.

O estudo contém dados de receitas, custos com futebol, superávits/déficits, dívidas e diversos indicadores de performance dos clubes na temporada 2021. Além disso, a Sports Value também faz uma projeção de como um novo calendário e a Liga Brasileira de Futebol poderia trazer em novas receitas.

Antes dos resultados, é importante explicar que, com exceção do Atlético-MG, todos os principais times brasileiros publicaram seus números oficiais até a data limite, no dia 30 de abril.

A maior potência financeira do futebol brasileiro ficou por conta do Flamengo, que liderou os rankings de faturamento, despesas e superávits. Logo em seguida aparece o Palmeiras, com resultados bastante animadores nesses mesmos quesitos.

O destaque negativo ficou com dois clubes de Minas Gerais. O Cruzeiro teve o pior déficit entre todos os clubes analisados no estudo (TOP 20), enquanto o Atlético-MG encabeçou a lista dos maiores devedores do futebol brasileiro. O São Paulo foi outro a chamar a atenção, apresentando um déficit de mais R$ 100 milhões na última temporada.

No Rio de Janeiro, Vasco e Botafogo tiveram sopros de esperança, com números ligeiramente positivos. O Cruz-Maltino está próximo de concretizar a venda de parte de suas ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para o grupo 777 Partners, enquanto o Alvinegro já se encontra sobre o comando do empresário John Textor.

Confira os principais rankings de finanças da temporada 2021

Receitas:

1. Flamengo: R$ 1,082 bilhão;
2. Palmeiras: R$ 910 milhões;
3. Corinthians: R$ 501,8 milhões;
4. Atlético-MG: R$ 501 milhões;
5. Grêmio: R$ 498 milhões;
6. São Paulo: R$ 465 milhões;
7. Santos: R$ 406,8 milhões;
8. Internacional: R$ 382,2 milhões;
9. Fluminense: R$ 313,9 milhões;
10. Red Bull Bragantino: R$ 291,3 milhões;
11. Athletico-PR: R$ 280,3 milhões;
12. Bahia: R$ 208,6 milhões;
13. Vasco: R$ 186,2 milhões;
14. Fortaleza: R$ 175,1 milhões;
15. Ceará: R$ 159,3 milhões;
16. Cruzeiro: R$ 143,4 milhões;
17. Botafogo: R$ 121,9 milhões;
18. Atlético-GO: R$ 113,2 milhões;
19. América-MG: R$ 101,9 milhões;
20. Sport: R$ 94,1 milhões.

Despesas no futebol:

1. Flamengo: R$ 693,5 milhões;
2. Palmeiras: R$ 618,1 milhões;
3. São Paulo: R$ 412 milhões;
4. Grêmio: 366,4 milhões;
5. Corinthians: 331,7 milhões;
6. Atlético-MG: R$ 320 milhões;
7. Internacional: R$ 282,2 milhões;
8. Santos: R$ 254,9 milhões;
9. Fluminense: R$ 242 milhões;
10. Red Bull Bragantino: R$ 167,8 milhões;
11. Athletico-PR: R$ 164,3 milhões;
12. Bahia: R$ 158,8 milhões;
13. Cruzeiro: R$ 124,4 milhões;
14. Ceará: R$ 122 milhões;
15. Fortaleza: R$ 106,8 milhões;
16. Vasco: R$ 92,1 milhões;
17. Botafogo: R$ 85 milhões;
18. Atlético-GO: R$ 81,3 milhões;
19. América-MG: R$ 66,7 milhões;
20. Sport: R$ 65,2 milhões.

Superávits (+)/Déficits(-):

1. Flamengo: + R$ 177,6 milhões;
2. Palmeiras: + R$ 123,4 milhões;
3. Vasco: + R$ 122,2 milhões;
4. Botafogo: + R$ 78,4 milhões;
5. Athletico-PR: + 66,3 milhões;
6. Atlético-MG: + R$ 50 milhões;
7. Santos: + R$ 43,9 milhões;
8. Atlético-GO: + 30,7 milhões;
9. Bahia: + R$ 27,8 milhões;
10. Red Bull Bragantino: + R$ 22 milhões;
11. Fortaleza: + R$ 15,3 milhões;
12. Grêmio: + R$ 14,2 milhões;
13. Corinthians: + R$ 5,7 milhões;
14. Internacional: + R$ 800 mil;
15. Ceará: + R$ 300 mil;
16. Fluminense: – R$ 2,1 milhões;
17. América-MG: – R$ 4,8 milhões;
18. Sport: – R$ 70,3 milhões;
19. São Paulo: – R$ 106,5 milhões;
20. Cruzeiro: – R$ 113 milhões.

Dívidas:

1. Atlético-MG: R$ 1,260 bilhão;
2. Cruzeiro: R$ 1,020 bilhão;
3. Corinthians: R$ 912 milhões;
4. Internacional: R$ 864 milhões;
5. Botafogo: R$ 862,9 milhões;
6. Vasco: R$ 709,8 milhões;
7. Fluminense: R$ 664,2 milhões;
8. São Paulo: R$ 642,5 milhões;
9. Santos: R$ 509,1 milhões;
10. Palmeiras: R$ 434,1 milhões;
11. Flamengo: R$ 428,2 milhões;
12. Grêmio: R$ 401,8 milhões;
13. Red Bull Bragantino: R$ 274,9 milhões;
14. Sport: R$ 230,5 milhões;
15. Bahia: R$ 225,3 milhões;
16. Athletico-PR: R$ 191,4 milhões;
17. América-MG: R$ 91,7 milhões;
18. Fortaleza: R$ 36,2 milhões;
19. Ceará: R$ 31,8 milhões;
20. Atlético-GO: R$ 8,8 milhões.

Impacto de um novo calendário e Liga no Brasil:

De acordo com o estudo, uma mudança no calendário do futebol brasileiro poderia produzir em 5 anos cerca de R$ 4 bilhões novos em receitas.

Já a criação de uma Liga Brasileira de Futebol, que atualmente se encontra em fase de discussão, traria ao menos R$ 7 bilhões novos nesse mesmo período.

“Hoje a torcida pede a profissionalização e torce pela entrada de investidores. A sociedade se cansou do modelo antigo de como os clubes eram geridos. Por conta disso, minhas perspectivas são muito boas e vejo os clubes seguindo nesse caminho. Ainda há um espaço gigante para o crescimento em direitos comerciais e de marketing, vejo que os times não avançaram muito em transformação digital e existe um caminhão de oportunidade para esse universo, vide exemplo lá de fora”, finaliza Claudio Pracownik.

O estudo completo está disponível para consulta no site da Sports Value.

Crédito imagem: AGIF

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