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Falência do Catania, da Itália, serve de alerta para SAFs no Brasil

No último sábado (9), o Catania, um dos clubes mais tradicionais do futebol italiano, foi excluído da terceira divisão do campeonato nacional após ter sua falência decreta no final do ano passado por um Tribunal da cidade em decorrência das dívidas acumuladas nos últimos anos. Esse é mais um, de tantos, casos que serve de alerta para o futebol brasileiro, uma vez que muitos ainda enxergam a mudança para o clube-empresa e a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como uma representação da salvação e do sucesso.

“O caso do Catania é emblemático, não só na Itália, pois trata-se de um clube popular na região sul do país, mas também para os clubes brasileiros que seguem o modelo da SAF. É um importante alerta. Os clubes que adotam essa forma de organização, passam a ter todos os bônus e ônus da atividade de uma empresa, dentre elas está o risco de quebrar e, nessa hipótese, ter que recomeçar sua jornada esportiva do zero, a partir das divisões iniciais”, analisa Rafael Marcondes, advogado especializado em direito tributário e colunista do Lei em Campo.

Para Luciano Motta, advogado e autor do livro “O Mito do clube-empresa”, esse caso é apenas mais um exemplo malsucedido do modelo de clube-empresa no futebol.

“Sem dúvidas serve de alerta, nos próximos anos, talvez meses, essa realidade típica do mundo empresarial também chegará em alguns clubes brasileiros. Algo que ocorre já com alguma frequência em outros países do mundo e que reflete o outro lado da moeda do clube-empresa. Aliás, recentemente o São Caetano teve um pedido ajuizado na Justiça, mas que não avançou diante de um acordo realizado com o credor. De qualquer forma, o futebol, cedo ou tarde, terá que se adaptar também a essa situação, que, inclusive, é mais rigorosa que a similar do ‘mundo associativo’ (insolvência civil)”, afirma.

Rafael Marcondes lembra que o modelo da SAF “premia a boa gestão, mas ao mesmo tempo pune as administrações irresponsáveis, ao submeter os clubes ao livre mercado”.

A confirmação da exclusão do Catania foi feita pelo presidente da Lega Serie C, Francesco Ghirelli.

“Com muita dor, tenho de confirmar que o clube teve sua falência decretada e não vai poder continuar na Serie C. É uma situação que eu, como presidente da Liga, queria nunca ter de lidar”, declarou.

Agora, o Catania terá que passar pelo mesmo processo que outros clubes tradicionais da Itália, como Parma, Palermo e Verona, que fecharam suas portas e recomeçaram do zero como um novo time, na divisão mais baixa do futebol do país (Serie D).

Fundado inicialmente em 1946, o Catania teve falência decretada em dezembro do ano passado por um Tribunal da cidade. Em 2020, o grupo SIGI (Sport Investiment Group Italia) chegou para tentar resgatar o clube, pagando os salários dos jogadores e funcionários, mas acabou não sendo o suficiente para retirar o pedido feito pelo Ministério Público.

Com uma dívida de aproximadamente 56 milhões de euros (R$ 360 milhões), o Catania teve seu plano de recuperação recusado pelas autoridades financeiras de futebol da Itália e não encontrou um comprador para arcar com todas as pendências.

A expectativa era de que o Catania pudesse disputar a temporada atual, mas para isso seria necessário que o Tribunal de Catania concedesse um exercício provisório, o que não aconteceu. A última partida oficial do clube pela terceira divisão nacional foi em maio do ano passado, diante do Sportiva Foggia, ainda na temporada 2020/21.

O Catania disputou 17 temporadas na elite do futebol italiano e é considerado um dos clubes mais populares da Sicília, região sul do país, onde tem o Palermo como seu rival. O time chegou inclusive a ser treinado por um dos maiores técnicos do mundo, o argentino Diego Simeone, em 2011, seu primeiro ano como profissional.

Essa não é a primeira vez que o Catania passa por essa situação em sua história. Por conta de irregularidades financeiras, o clube teve que ser recriado em 1993.

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