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Federação da Zimbábue e Fifa são acusadas de omissão em caso envolvendo assédio sexual contra árbitras

A Federação Zimbábue de Futebol (Zifa, na sigla em inglês) e a Fifa estão sendo acusadas de “ficar em silêncio” por alegações de que árbitras foram assediadas sexualmente por funcionários da federação. A informação foi revelada pelo jornal ‘The Guardian’.

As alegações – feitas contra o secretário-geral do comitê de arbitragem da federação, Obert Zhoya, e seu presidente, Bryton Malandule – foram relatadas pela mídia local em setembro de 2020, antes que duas das supostas vítimas, ambas árbitras, registrassem oficialmente suas queixas no conselho da Zifa.

As queixas também foram enviadas à Fifa, entidade máxima do futebol, à Confederação Africana de Futebol (CAF) e ao Conselho das Federações de Futebol da África Austral (COSAFA). Somente quando as vítimas relataram as denúncias à polícia, em dezembro de 2021, que uma investigação oficial foi iniciada.

Uma das vítimas, que preferiu não ser identificada, disse ao jornal que não oficializou a denúncia porque se sentiu “emocionalmente esgotada” por toda a situação.

“A Zifa é uma grande decepção. Eu disse a mim mesma que nunca poderei confiar neles. Eu tinha grandes esperanças de que a Fifa interviesse e lutasse para nos defender como árbitras, mas elas também me decepcionaram. Minha pergunta é por que a Fifa ficaria em silêncio? Não estou dizendo que eles precisam se apressar e fazer do meu caso a primeira prioridade, mas pelo menos me mostre que você está interessado em me ajudar”, declarou.

Outra vítima diz ter sido “humilhada, intimidada e degrada” por Zhoya, que teria enviado uma série de mensagens no Whatsapp pedindo para que ela passasse a noite com ele em um hotel.

“Gostaria de deixar registrado que ele vinha fazendo esses avanços sexuais indesejados desde setembro de 2019. As alegações que faço aqui são apoiadas por evidências na forma de gravações de voz de telefonemas. Então, ganhei coragem com as provas que tinha e descobri que não sou o único (que) estava sujeito a esse assédio”, disse a mulher, que acrescentou:

“Estou no painel (de árbitros) da Zifa desde 2019, tenho 30 anos. Esperava ser tratada com respeito, não como uma dama da noite. No entanto, peço que você analise o assunto e possivelmente resolva o problema e, no processo, proteja a mim e minhas colegas árbitras que estão sofrendo silenciosamente”.

Uma árbitra experiente vinculada à federação alega que “foi para a geladeira” depois que passou a oferecer apoio para as supostas vítimas. Ela ainda afirma que vários outros funcionários estão com muito medo de denunciar casos de abuso por conta da maneira como os casos foram tratados.

“Esses relatórios foram feitos imediatamente quando as histórias foram publicadas e passamos mais de um ano sem que nada fosse feito ou nenhum feedback. Acho que a Fifa deveria ter mantido contato com as vítimas para tranquilizá-las de que ainda estão trabalhando nisso. Ao ficar quieto, parece que é uma questão menor. As meninas se sentem muito, muito amargas com suas experiências”, afirmou.

Em novembro, todo o conselho da Zifa foi suspenso pela comissão de esportes e recreação do governo do Zimbábue. Além de suposta má gestão e falta de responsabilidade no uso de fundos públicos, o órgão citou as alegações de assédio sexual de árbitras.

Em dezembro de 2021, Joyce Cook, diretora de responsabilidade social e educação da Fifa, disse que a entidade máxima do futebol havia encaminhado as alegações de assédio sexual à CAF por três meses porque “não tinha competência para investigar e julgar tais condutas”.

Ao ‘The Guardian’, um porta-voz da Fifa disse: “O comitê de ética da Fifa está ciente das alegações e um processo está em andamento de acordo com as regras de competência estabelecidas no artigo 30 do código de ética”.

Crédito imagem: Reprodução

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