A FIFA, como toda entidade esportiva, avalia o avanço da pandemia do coronavírus. E está preocupada. Fatalmente o calendário irá sofrer novas e maiores alterações. Mesmo com o presidente Gianni Infantino garantindo que a prioridade agora é a saúde das pessoas, a entidade já pensa em como ampliar o contrato de jogadores e mudar o período de transferência dos atletas.
A agência Reuters trouxe a informação de que já existe um grupo trabalhando (e não poderia ser diferente), a pedido de Infantino, com a possibilidade da temporada europeia não terminar no final de junho. Infantino está pedindo sugestões para diminuir os efeitos da pandemia no futebol.
Eu conversei com o advogado e colunista do Lei em Campo Luiz GG Costa, que mora em Londres, e ele acredita que essa proposta deve avançar,”já que essa situação atípica deve levar a um grande acordo entre o movimento esportivo – entidades, clubes e atletas – para que os contratos sejam automaticamente prorrogados até que essa temporada realmente termine.”
A situação realmente precisa de novos arranjos, principalmente para o calendário europeu. Como a temporada de lá termina no meio do ano, muitos atletas têm contrato até o dia 30 de junho.
E agora?
Claro que o coronavírus deixou o cenário muito confuso, e inseguro.
Algumas estrelas de destaque, incluindo Willian, do Chelsea, e Odion Ighalo, atacante do Manchester United, estão entre os atletas que estão com os contratos chegando ao fim no meio do ano. Mas todos os times terão problemas.
Por isso, essa questão é vista com urgência pela FIFA.
Hoje, os atletas que têm contrato até 30 de junho não terão mais vínculos com os clubes após essa data. A verdade é que os clubes tentarão ser criativos, mas quando 30 de junho chegar, o jogador não terá mais nenhuma obrigação contratual. O atleta tem todo o poder nesse cenário.
Agora, claro que jogadores que estão emprestados podem ter esse vínculo prorrogado sem maiores problemas, desde que os clubes envolvidos e os atletas concordem. Mesmo assim é preciso levar em consideração os regulamentos das competições, como o número de contratações que cada clube pode fazer por temporada, já que a maioria dos campeonatos tem limitações.
Nessa hora, os clubes podem usar esse momento sem bola rolando e tentar já renegociar contratos, sempre levando em conta a legislação local. Na Inglaterra, por exemplo, os jogadores podem assinar contratos por períodos curtos, até semanais, que lhes permitiriam completar a temporada em seus clubes atuais.
O maior problema é mesmo a janela de transferências. Um acordo curto afetaria um possível acerto com outro clube, uma potencial transferência que teria que ser feita na janela do meio do ano.
Importante também lembrar o risco permanente de lesões. Nestes contratos curtos é fundamental garantir um seguro maior para os atletas, já que uma lesão pode comprometer uma transferência já negociada.
Nessa hora, um contrato curto também sofrerá resistência dos agentes. Por que aconselhar um atleta a renovar por pouco tempo e correr o risco de perder um contrato longo com outro clube? Os contratos teriam que ser generosos, e os seguros robustos. Mesmo assim…
A verdade é que essa é uma situação que fugiu a qualquer previsão, e assustou e comoveu todos. “A situação provocou uma comoção geral, atletas e entidades esportivas estão chocados e sensíveis. É natural que haja uma flexibilização nessa hora”, me disse Luiz Costa.
Nessa hora é que veremos o quanto o mundo do esporte pode ser flexível em momentos de crise.
Por isso, é fundamental a FIFA, em diálogo com clubes e a FifPro (entidade que representa os atletas) discutirem todas essas questões. Acredito que pensar na extensão dos contratos, e em um novo período de transferência é um caminho acertado, uma linha apropriada nesse momento inimaginável que o futebol, e todos nós, vivemos.
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