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Fifa lança manual para desenvolver futebol feminino no mundo

O sucesso do futebol feminino não para de aumentar. Depois da realização da Copa do Mundo da categoria na França, no ano passado, torneio que foi responsável por quebrar diversos recordes, a Fifa mostra que pela primeira vez está engajada no desenvolvimento do esporte. Por isso ela lançou um “Manual para os Administradores do Futebol Feminino”.

No documento, a entidade oferece estratégias, práticas e procedimentos para reforçar federações nacionais nos objetivos de crescimento do futebol feminino e na promoção da igualdade de gênero no esporte.

O manual tem quatro pilares considerados essenciais pela Fifa para o sucesso da empreitada: 1) ter mulheres em posições de liderança, incluindo maneiras novas e inovadoras de evoluir e estabelecer a participação das mulheres em todos os níveis; 2) necessidade de uma estratégia de futebol feminino e como ela pode ser implementada em uma organização; 3) apoio financeiro e os programas disponíveis para ajudar a desenvolver o futebol feminino profissionalmente; 4) benefícios de hospedar um torneio da Fifa e como abordar o processo de licitação.

“Esse guia prático vem como mais uma inovação para trazer as mulheres para o cenário esportivo como atletas e líderes, bem como definindo metas e planejamento estratégico para alcançar uma profissionalização do futebol feminino em um curto prazo. Ou seja, definindo exatamente cada função e objetivos para se ter uma modalidade consolidada desde a sua base até a sua gestão executiva”, analisa a advogada Fernanda Chamusca, especialista em direito esportivo.

O futebol profissional feminino cresceu em popularidade nos últimos anos. A transmissão oficial da Copa do Mundo no ano passado foi sintonizada por 1,12 bilhão de telespectadores em todas as plataformas. A final entre Estados Unidos e Holanda foi a partida mais assistida de todos os tempos na modalidade, com uma média de audiência ao vivo de 82,18 milhões (56% acima da audiência final de 2015 de 52,56 milhões) e alcançando um total de 263,62 milhões espectadores únicos (alcance de um minuto), que representaram 22,9% do alcance geral do torneio.

Esta é a segunda iniciativa da Fifa visando o desenvolvimento do jogo feminino. Em 2008 foi lançada a estratégia para o Futebol Feminino. O manual será executado para o ciclo de 2020-2023 e já está disponível para cada uma das 211 associações membros por meio de um processo de inscrição completo.

“Ele tem o caráter de impulsionar quem tem a ‘caneta’ a produzir políticas de igualdade no esporte mais popular do mundo, que mais aglutina, e que mais vende. Acompanha a ONU e a OCDE no esforço de trabalhar estratégias de implantação de políticas que ajudam a aumentar a igualdade entre os sexos no exercicio do esporte e no esporte como produto, como mercado, como negócio. Estrutura prática para desenvolver mecanismos para acabar com a desigualdade. E é importante que a Fifa assume que tem desigualdade, assume que o futebol é um esporte desigual. Apesar de ser um organismo privado, é um avanço bem interessante. A Fifa tenta se redimir, mas não sei o efeito real na vida das mulheres no esporte”, elogia a advogada Monica Sapucaia, especialista em Direitos Humanos.

Em julho deste ano a Fifa divulgou um estudo mostrando que não é apenas fora de campo que o futebol feminino tem evoluído.

Os números mostram avanço em relação ao Mundial do Canadá, em 2015. Na França, as jogadoras de meio de campo se movimentaram 47% a mais em relação ao torneio anterior, além de percorrerem distâncias maiores e mais rápido que antigamente.

“Como o esporte mais popular do mundo, o futebol oferece oportunidades únicas para as mulheres realizarem seu potencial e desempenharem um papel ativo no desenvolvimento do nosso esporte. Este manual oferece orientação e inspiração para aumentar o apoio ao futebol feminino, dentro e fora do campo, e para desenvolver ainda mais o futebol feminino”, finalizou Sarai Bareman, ex-jogador e hoje diretora de Futebol Feminino da Fifa.

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