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FIFA repete erro e contraria sua política de direitos humanos ao escolher Arábia Saudita como sede do Mundial de Clubes 2023

O Mundial de Clubes de 2023 já tem sede definida: a Arábia Saudita. O torneio será realizado de 12 a 22 de dezembro, ainda no formato “antigo”, com sete clubes. Esse é mais um passo importante nos planos sauditas de sediar a Copa do Mundo de 2030. No entanto, ao escolher o país como sede de uma de suas competições, a FIFA contraria sua política de defesa dos direitos humanos repete o erro da escolha do Qatar para a Copa do Mundo de 2022, uma vez que a Arábia Saudita tem um longo histórico de violação desses direitos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+).

Mônica Sapucaia, advogada especializada em direitos humanos, diz que é preciso entender o quanto a FIFA de fato está comprometida com a defesa dos direitos humanos.

“Quando se escolhe, provavelmente por questões econômicas, promover um evento desse porte em um país que desconsidera essa convenção internacional mostra que os direitos humanos não são, de fato, pilares para a FIFA”, afirma.

A advogada Thaís Brazil, especialista em direitos humanos, ressalta que a política de direitos humanos que a FIFA tanto diz não prevaleceu novamente.

“Trata-se de escolha certamente dicotômica, vez que por mais importante que seja ampliar os horizontes na perspectiva de escolha de continentes e regiões diversas, alguns pontos deveriam ser inegociáveis. Levar o futebol para todos os cantos não deve se sobrepor à ‘cantos’ onde o ser humano é excluído, violentado, humilhado e segregado. É a sociedade de mercado citada por Michael Sandel, O que o dinheiro compra? Nosso silêncio que tanto mata, a escolha da FIFA que tanto diz, uma política de Direitos Humanos que novamente não prevaleceu. Afinal, isso o dinheiro também compra”, avalia.

“Todos os países tem dicotomias, não cumprem os Direitos Humanos em alguma questão, promovem violências. Não é a ideia de que teriam que escolher países perfeitos e cumpridores de todos os direitos humanos o tempo todo, mas a Arábia Saudita não reconhece a supremacia dos direitos humanos, não reconhece quando viola direitos mais básicos de nacionais e estrangeiros, então eu pergunto, qual o motivo de uma organização, que diz ter os direitos humanos como prioridade, patrocinar um evento desse tamanho nesse país?”, questiona Mônica Sapucaia.

Os sauditas têm um longo histórico de violação de direitos humanos (especialmente em relação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+) e também de perseguição religiosa contra a minoria cristã que habita o país.

Além disso, o próprio Bin Salman foi apontado por um relatório de inteligência dos Estados Unidos como mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, um ferrenho opositor do governo árabe, em 2018.

A escolha da Arábia Saudita como sede do Mundial de Clubes 2023 foi tomada no Conselho da FIFA, realizado em 14 de fevereiro, dois dias após a vitória do Real Madrid sobre o Al Hilal na final da competição de 2022.

Nos últimos anos, o país vem investindo fortemente no futebol, com o governo, por exemplo, comprando o Newcastle, da Inglaterra. O Al Hilal se tornou o primeiro país saudita a chegar na decisão do Mundial de Clubes. Além disso, o Al Nassr fez a maior contratação de sua história com Cristiano Ronaldo.

“O Mundial de Clubes da FIFA é uma competição especial que entregou muitos momentos incríveis. Não apenas presentou muitas memórias a milhões de torcedores ao redor do mundo, o torneio criou novas rivalidades internacionais e forjou novas amizades dentro do jogo. Agradecemos a FIFA por sua confiança para que possamos entregar uma edição excepcional do evento”, disse Al Misehal, presidente da SAFF, após anúncio do país como sede do torneio.

“O futebol saudita está passando por um crescimento sem precedentes, há uma energia nova e um senso de otimismo graças a uma clara estratégia em todas as áreas do jogo. Atualmente, temos mais jogadores registrados em todos os grupos etários para garotos e garotas do que jamais tivemos. Temos mais técnicos qualificados, mais árbitros qualificados, uma governança melhor e ligas domésticas mais fortes, incluindo a Saudi Pro League. O futuro é brilhante e este torneio é outro ponto alto para ser aguardado, especialmente quando você considera alguns dos jogos e jogadores que dão água na boca”, acrescentou o dirigente.

Além do Mundial de Clubes 2023, a Arábia Saudita também irá sediar a Copa da Ásia, torneio continental da AFC, em 2027, e a Copa da Ásia Feminina de 2026.

O principal desejo do país é ser a sede da Copa do Mundo de 2030, principalmente pois sabe que isso seria uma grande oportunidade de mudar sua imagem internacional. Há um turismo de luxo no país, com hotéis de alto padrão, algo similar, em alguns aspectos, com o Qatar e os Emirados Árabes Unidos.

Crédito imagem: FIFA/Divulgação

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