Uma notícia bombástica foi divulgada pelo The Times na noite desta quinta-feira (21). De acordo com o jornal britânico, o governo do Japão teria chegado a uma decisão interna de que não seria possível manter os Jogos Olímpicos de Tóquio por conta da pandemia de Covid-19.
Ainda segundo o jornal, o foco do governo agora é garantir que o evento seja realizado na capital japonesa no próximo ano disponível, em 2032.
“Não é uma surpresa absoluta. A imunização é algo distante ainda. Porém o evento sem público poderia ser planejado e concretizado, no padrão bolha. No entanto, uma olimpíada é um evento muito complexo, tem torneios classificatórios entre vários outros aspectos. Espero sinceramente que achem alguma alternativa para viabilizar a realização. Não podemos ter um hiato desses no esporte sem esgotar todas as alternativas possíveis e viáveis”, afirma Paulo Schmitt, advogado e colaborador do Lei em Campo.
“Não havia outra saída. Mesmo seguindo os protocolos de saúde idealizados para o evento, a falta de definição do COI quanto à exigência de vacinação para todos os credenciados tornou inviável a realização da competição, mesmo com a diminuição do número de atletas e pessoal credenciado”, avalia Ana Paula Terra, advogada especialista em direito desportivo.
“Não temos nenhuma razão neste momento para acreditar que as Olimpíadas de Tóquio não serão inauguradas em 23 de julho no Estádio Olímpico de Tóquio. É por isso que não existe um plano B e é por isso que estamos totalmente comprometidos em tornar os Jogos seguros e bem-sucedidos”, disse Bach ao jornal Kyodo News.
Para o advogado especializado em direito desportivo Martinho Miranda, o COI não está agindo de forma correta ao manter os Jogos.
“Não há a menor condição de ter jogos. O presidente do COI está dando um péssimo exemplo para o mundo, forçando e repetindo a todo instante que não há plano B. Existe plano B sim. E ele se chama VIDA”, disse Martinho.
O mais antigo brasileiro entre os cem membros do COI, o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman participou de uma reunião do COI nesta quinta-feira. Segundo ele, a pauta foi sobre a forma como os Jogos Olímpicos serão organizados, não tratando um possível adiamento ou cancelamento dos Jogos Olímpicos.
“Os Jogos vão acontecer de qualquer forma. A gente não sabe em qual dimensão e quais os problemas. Isso foi discutido. Amanhã será com os comitês olímpicos nacionais do mundo inteiro. Estão buscando ideias para ver de que forma a execução. Não existe a possibilidade, não se fala em cancelamento de Jogos. Pelo contrário. Estimula-se tudo e a todos. Os atletas, os stakeholders, todas as pessoas envolvidas em uma Olimpíada, turistas, voluntários, milhares de pessoas que tem que continuar sendo estimuladas para executar os Jogos de alguma forma. A questão é a forma que vai ser executada”, disse Rajzman em entrevista ao GE.
Nos últimos meses, diversas declarações colocaram a realização dos Jogos Olímpicos em dúvidas. A situação ficou ainda mais complicada após o crescimento do número de casos de Covid-19 no mundo e depois que o Japão colocou a capital Tóquio em estado de emergencial, proibindo a entrada de estrangeiros.
Grande parte da população japonesa também não apoia a realização dos Jogos. Em uma entrevista recente, 80% se disseram contrários a realização do evento no cenário atual.
Após a notícia divulgada pelo jornal The Times, o COI divulgou uma nota desmentindo a informação e reafirmando que os Jogos Olímpicos serão realizados.
“Algumas notícias circulando hoje dizem que o governo do Japão concluiu privadamente que as Olimpíadas de Tóquio terão de ser canceladas por causa do coronavírus. Isso é uma categórica inverdade”, disse a entidade.
“Em uma reunião do Comitê Executivo em julho do ano passado, ficou acordado que a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio serão realizados em 23 de julho deste ano, e o programa e as instalações para os Jogos foram realizados em consonância. Todas as partes envolvidas têm trabalhado juntas para preparar Olimpíadas bem-sucedidas neste verão”, completou.
O Japão ainda não começou a campanha de vacinação. A previsão é que a população comece a ser imunizada a partir de maio, poucos meses antes da cerimônia de abertura do evento.
A Olímpiada de Tóquio está programada para começar no dia 23 de julho de 2021 e terminar em 8 de agosto. Já a Paralimpíada, começaria em 24 de agosto e encerraria em 5 de setembro.
Crédito imagem: Getty Images
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