As Regras do Jogo partem de três princípios: segurança, igualdade e diversão.
Segurança, pela qual se deve prezar para que o esporte seja praticado sem oferecer riscos.
Igualdade, para que seja praticado em todo o mundo, por todas as culturas, raças, religiões, idades, gêneros, pessoas com condições especiais, níveis sociais e de forma igual.
Diversão, para que o futebol proporcione alegria, descontração para quem o pratica, lhe assiste e acompanha.
Todas propostas de alterações são analisadas e homologadas pelo IFAB, e não pela FIFA.
As regras do futebol foram criadas de forma oficial em 1863, e no ano de 1886 foi fundado o International Football Association Board (IFAB) – pelas quatro associações de futebol britânicas (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) – como a entidade mundial com a responsabilidade de desenvolver e preservar as regras do jogo. A FIFA, criada em 1904, uniu-se ao IFAB em 1913.
O IFAB aprovou uma estratégia para examinar e considerar as propostas de mudanças e avaliar se elas trarão benefícios ao futebol, com foco em três áreas importantes:
Legitimidade e integridade
A proposta de mudança fortalecerá a legitimidade e a integridade no campo de jogo?
Universalidade e inclusão
A proposta de mudança trará benefícios ao futebol em todos os níveis e em todo o mundo? A proposta de mudança fará com que mais pessoas de todas as condições e capacidades participem e desfrutem do futebol?
Crescimento tecnológico
A mudança proposta terá um impacto positivo no jogo?
Para que uma regra seja alterada, o IFAB deve estar convencido de que a mudança trará benefícios ao futebol. Isso significa que as possíveis mudanças/propostas muitas vezes serão testadas – por exemplo, o experimento do árbitro assistente de vídeo (VAR).
Em reunião realizada no último sábado na Escócia, a Board decidiu por algumas alterações das regras, que entrarão em vigor a partir de 1º junho. Por que no meio do ano? O calendário europeu é diferente do brasileiro, e seus torneios começam depois dessa data, ou seja, as alterações passam a valer antes dos seus inícios, para assim não haver conflitos em decisões em jogos do começo e fim do campeonato. Porém, como no Brasil os campeonatos já estão em andamento, para que isso não ocorra, normalmente os campeonatos que já tiverem começado em 1º de junho permanecem até o fim com as regras antigas, ou, dependendo do formato do torneio, podem se valer das alterações em uma etapa seguinte (Copa do Brasil, quando começar a fase semifinal, por exemplo; assim haverá igualdade para as equipes que a disputam desde aquele momento). Já os campeonatos que começarem a partir da data em que as alterações estarão em vigor devem seguir as novas regras. Ainda pode ocorrer de a CBF pedir autorização à FIFA para colocar as regras em vigor no começo do torneio.
Porém, houve um ano, há pouco tempo, em que os árbitros tinham que “trocar o chip” na hora de atuar nas competições brasileiras, pois, por exemplo, ao atuar em um jogo pela CBF tinham que aplicar as regras novas; porém, quando atuavam em jogos da Federação Paulista, as regras antigas eram as que estavam em vigor. Ou seja, ao fazer um jogo no meio de semana por uma entidade, a regra era uma, e no fim de semana, pela outra entidade, já era outra. Os árbitros realmente conseguiram se superar nessa época, tamanho o grau de dificuldade.
As alterações aprovadas pela International Board foram:
Mão na bola
A regra da mão na bola será “mais precisa e detalhada”. A nota afirma que gols marcados diretamente com a mão ou oportunidades de gol criadas depois de ganhar a posse da bola com a mão, mesmo que de forma acidental, não deverão mais ser permitidas.
*A questão da mão na bola ainda gera dúvidas, e diretrizes mais claras são fundamentais para a uniformidade dos critérios.
Substituição na linha mais próxima
A IFAB decidiu que os jogadores substituídos passarão a ter a obrigação de deixar o campo na linha mais próxima, seja lateral, seja de fundo.
*A substituição pela linha mais próxima colabora para não se perder tanto tempo com bola parada.
Tiro de meta cobrado para dentro da área
Entre as mudanças, está também uma pequena alteração com relação às cobranças de tiro de meta. A IFAB apontou que agora não haverá mais obrigação de que a bola deixe a grande área na saída de bola em tiros de meta ou cobranças de falta dentro da área.
Bola ao chão
Quando o árbitro deve interceptar o jogo para dar bola ao chão. Ele deverá reiniciar a partida dessa forma quando a bola bater em seu corpo.
Goleiro com um pé na linha em pênaltis
Os goleiros, que antes deveriam permanecer na linha para poder defender, agora só serão obrigados a manter um de seus pés sobre a linha de gol.
*A alteração é relevante para que ele tenha impulso e progressão ao tentar praticar uma defesa.
Cartões para comissão técnica
A IFAB também aprovou que a má conduta de membros de comissões técnicas deverá ser punida com cartões amarelos ou vermelhos, assim como já acontece com atletas.
*Alguns campeonatos já fazem uso dessa regra.
Posicionamento sobre o VAR
No encontro, a IFAB também fez uma análise sobre a utilização do árbitro de vídeo em eventos como a Copa do Mundo, no ano passado. O comunicado afirma que o órgão “expressou sua satisfação com o impacto significante e o sucesso que o VAR teve”.
As alterações ainda deverão ser explicadas posteriormente com mais clareza, pois, por exemplo, na alteração referente ao tiro de meta, envolvem outros itens da regra – por exemplo, que o adversário deveria estar fora da área no momento da cobrança, ou se, quando o goleiro cobra rapidamente o tiro de meta e há um adversário dentro da área, este não poderá tocar ou disputar a bola antes que outro jogador a toque. Essas regras seguirão da mesma forma ou também sofrerão alterações?
As mudanças têm as funções de tornar o futebol agradável e prazeroso para os jogadores, árbitros, treinadores, bem como para os espectadores, fãs, administradores etc. As regras devem garantir isso para que as pessoas, independentemente de idade, raça, religião, cultura, etnia, gênero, orientação sexual, condição especial ou qualquer outra diferença, queiram participar e se envolver com o futebol.