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Integridade olímpica

 Por que o tema integridade importa ao movimento olímpico?

Assim como na governança corporativa, a adoção de mecanismos de proteção contra a corrupção através de regras de compliance e de boa governança surgiram para o Movimento Olímpico a partir da forçosa reflexão sobre a ética de seus membros posta em xeque em investigações de crimes que envolveram o Olimpismo.

Nos ensaios “Ressignificando os Jogos Olímpicos de 1984” https://leiemcampo.com.br/ressignificando-os-jogos-olimpicos-de-1984/  e “Glória Olímpica, Performance Profissional” https://leiemcampo.com.br/gloria-olimpica-performance-profissional/ toquei no tema da evolução do movimento olímpico que surge amador e passa a profissional por questões puramente comerciais.

Interesses comerciais transformaram os Jogos em um grande e lucrativo negócio e um programa de marketing, nos moldes como o existente hoje, foi implantado, revolucionando o modo como a entidade pensava o financiamento olímpico.

Não sem razão, os esforços em prol da profissionalização do esporte olímpico coincidem com as diligências realizadas para a melhoria da gestão do Comitê Olímpico Internacional e das entidades que compõem a chamada Família Olímpica, intensificando as discussões em torno da integridade do movimento através da idealização de modelos de proteção que resguardassem seus valores, sem os quais deixa de ser Olímpico.

O aumento do número de patrocinadores, a delegação de poderes para administradores executivos, a divisão de tarefas em prol da organização de edições inovadoras dos Jogos Olímpicos trouxe a necessidade de revisar o que até então existia.

Assim, a implantação de mecanismos de compliance e principalmente as orientações relacionadas às boas práticas de governança para todo o Movimento Olímpico objetivam, no fim das contas, manter seu controle narrativo da história através e em prol da sustentabilidade dos Jogos Olímpicos através de seus valores.

Para reforçar os valores olímpicos da amizade, do respeito e da excelência, mesmo após a profissionalização e por conta dela, foi essencial harmonizar a governança e a gestão, nos moldes olímpicos, para receber esses novos negócios.

Medidas como as que incentivam a igualdade de gênero, privilegiam novos atores e ferramentas, simplificam o processo de candidatura à sede dos Jogos são exemplos de medidas de gestão advindas da boa governança, que contribuem para o desenvolvimento econômico sustentável e para o enfrentamento de novos problemas advindos a cada ciclo olímpico.

O fiasco financeiro dos Jogos de Montreal 1976, cidade que levou décadas para quitar todas as dívidas relacionadas ao evento e entrou para a história como a primeira e única vez na história dos Jogos de Verão em que o país anfitrião terminou a competição sem conseguir conquistar uma única medalha de ouro, provavelmente foi um dos acontecimentos que sinalizaram a necessidade de se adaptar, sob pena de ser engolido pela história. Assim também, acontecimentos dos Jogos de Atenas 2004 e, infelizmente, os da edição Rio2016. Todos acontecimentos que servem de exemplos de mudanças advindas da dor.

A equação que produz uma grande edição de Jogos Olímpicos exige a soma de boas performances esportivas e de gestão, telespectadores e usuários devotados, um público pagante engajado, comunicação eficiente e um país sede que veja os Jogos como fonte de novos negócios. E essa conta não fecha sem sustentabilidade financeira, o que, por sua vez, não se alcança, nem se conserva, sem um ambiente propício.

Afinal, a entidade que se propõe a tornar o mundo um lugar melhor precisa dar o exemplo. Por que não fazê-lo através de transparência, equidade, prestação de contas adequada e, finalmente, integridade?

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