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Investir em integridade não é mais só dever moral, é sobrevivência

Um tsunami de denúncias atingiu em cheio a integridade esportiva. A operação “Penalidade Máxima” escancarou como o esporte estava desprotegido, apresentando casos de manipulação na elite do futebol brasileiro. Para proteger o futebol e o esporte é fundamental um trabalho conjunto do Estado com o Esporte.

Esse esforço coletivo é necessário para vencer um esquema requintado e criminoso. A manipulação de resultados é um dos maiores inimigos do esporte. E é fácil entender por quê.

Esporte vive da incerteza

A graça do esporte está na incerteza do resultado. Se todos soubessem de véspera qual seria o placar de um jogo, o esporte perderia força, e a paixão encolheria.

Por isso vários dos princípios do direito esportivo visam garantir essa imprevisibilidade, como a integridade esportiva, o jogo limpo e a paridade de armas, que é dar condições iguais aos competidores.

Sem isso, o esporte perde sua natureza. Ele deixa de ser o que foi e precisa continuar sendo. A torcida se afasta do jogo e os investidores do negócio.

Estado e esporte não podem permitir isso

Estado e esporte juntos

As entidades esportivas precisam entender que seus regulamentos não podem mais ser omissos em questões caras ao esporte. No caso da manipulação, essa autorregulação precisa proibir que jogadores, treinadores e árbitros sejam apostadores.

Aliás, a Fifa no seu Código de Ética, no art 27, já proíbe qualquer “relação direta ou indireta com apostas esportivas”. A CBF também reforca em regulamentos compromissos com ética. Cada vez mais clubes têm colocado cláusulas morais no Contrato Especial de Trabalho Desportivo dos atletas.

Além disso, o trabalho de monitoramento, com o auxílio da ciência e da tecnologia se tornam vitais para combater essas quadrilhas cada vez mais sofisticadas.

O Gabriel Coccetrone trouxe a notícia de que a CBF apresentou sugestões importantes ao Presidente Lula. Ser signatário da Convenção de Macolin (primeiro instrumento jurídico internacional a tratar de integridade no esporte), um escritório da UNODC da ONU (líder global de monitoramento e combate a corrupção e crimes) no Brasil e treinamento em governança.

Claro que o Estado também precisa ajudar neste trabalho.

A MP das Apostas Esportivas é um instrumento, mas tem mais. A nova Lei Geral do Esporte – que depende apenas da sanção do presidente Lula – pode trazer um grande avanço. Ela vai tipificar a corrupção privada no esporte.

Agir em defesa da integridade deixa de ser só um compromisso moral, passa a ser também uma necessidade legal.

De bônus, esse investimento em integridade – de fazer o que é certo – vai atrair também investidores. O mercado começou a analisar onde vai colocar o dinheiro. Empresas – clubes – bem geridas andam na frente da fila.

Iniciativas como “Rating Integra”, proveniente do Pacto pelo Esporte, já mostraram como compromissos com Integridade atraem marcas dispostas a apoiar o desporto.

Uma questão de sobrevivência

A verdade é que podíamos ter investido antes em compliance e integridade, de maneira preventiva. Agora, terá que ser como remédio para um problema que já machucou demais o esporte.

Mas antes tarde do que mais tarde.

Investir em integridade não é mais só um caminho necessário. É uma questão de sobrevivência.

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