Greenwashing é um termo usado para descrever empresas ou iniciativas que, apesar de se dizerem sustentáveis, informarem ao público que são ecologicamente responsáveis, o são apenas no papel. Estão lavadas de verde, mas não praticam o que de fato divulgam. São verdes, mas apenas para as publicidades no Instagram.
Ao lado das críticas que acusam o Movimento Olímpico de gentrificação, existem os que usam a defesa ambiental como bandeira contra o olimpismo: dizem os críticos que, apesar de se dizer sustentável, os Jogos seriam um empreendimento greenwashing, que apesar de apresentar-se verde, a sustentabilidade sempre perderá ao medir forças com o equilíbrio financeiro dos Jogos.
Faz sentido, se pensarmos que os esforços sustentáveis dos Jogos realizado no Rio de Janeiro ofereceram apenas uma proposta para a chamada floresta dos atletas, que até o momento não saiu do papel. Com o tema “Vamos celebrar Pindorama, o imenso jardim que o mundo pode voltar a ser”, o programa da Cerimônia de Abertura dos Jogos Rio2016 nos convidava a celebrar Pindorama, um lugar mítico, uma terra livre de todos os males, segundo a tradição indígena do Brasil, um imenso jardim que o mundo pode voltar a ser. Mas, ficou só no planejamento.
“A Floresta é uma experiência olímpica, cada ser ali é um vencedor”, palavras do ecologista Mario Mantovani, Diretor da entidade SOS Mata Atlântica, inspirado pela realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na cidade Rio de Janeiro e, provavelmente, pelas soluções sustentáveis propostas para realização do evento. Um atleta, uma árvore. E faz mesmo sentido comparar os desafios enfrentados pelo meio ambiente para sobreviver ao homem com as experiências de um atleta em busca do sonho olímpico: cada dia é um a menos para quem busca o alto rendimento e para os moradores anônimos da flora mundial.
Lembrando que o consumidor está cada vez mais preocupado com a responsabilidade ambiental, natural que o tema passasse a constar dos debates pela sobrevivência do Movimento Olímpico: com um novo processo de escolha das cidades que pretendam sediar os Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico Internacional estima incentivar as cidades candidatas a pensarem um conceito holístico de respeito ao meio ambiente. “Um tamanho que se encaixe em todas as soluções” para a sustentabilidade dos Jogos Olímpicos.
E para dar o exemplo, desde junho de 2019, o Comitê Olímpico Internacional conta com uma nova sede, a Olympic House, que vem recebendo prêmios de sustentabilidade e inovação desde a sua inauguração. Com um ethos de integração à natureza, o edifício é alimentado por energia renovável, parte da qual é gerada pela própria utilização do prédio. O edifício foi desenhado para privilegiar o conforto do usuário, com espaços flexíveis, alta qualidade do ar e vistas privilegiadas. As emissões de carbono da construção e operações do prédio foram compensadas por meio de parcerias, de tal modo que em apenas 1 ano, o novo prédio demonstra redução do custo com a sua manutenção pela metade, se considerado o consumo de energia e todo material reciclável, em comparação ao antigo edifício.
Razoável que uma entidade dedicada a fazer do mundo um lugar melhor através do esporte, entenda sua responsabilidade na busca por um mundo mais sustentável. Se for para ser verde, que seja de verdade.
Mesmo que se trate de uma estratégia de mercado com a intenção de fugir do rótulo de greenwashing, o Olimpismo precisa admitir, assim como o resto do mundo, que a festa no planeta vinha sendo boa, mas parece que fomos longe demais. Acertaram os especialistas e advertiram os poetas: “ou o futuro será verde ou não será”.
Cabe à humanidade repensar as regras de convívio com a natureza ou se esforçar para rir da piada contada de modo nada inocente: “a gente chama de meio ambiente porque já destruíram a metade?”
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Crédito foto: olympic.org